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sábado, abril 12, 2014

Duques E Cenas Tristes

Entre muitas das coisas interessantes que as comemorações do 25 de Abril estão a trazer a Loulé (e a sessão inaugural com os capitães de Abril foi uma delas) destaco como menos positivo um incómodo e algumas escolhas dúbias. O incómodo é a celebração efusiva de algo que se está a perder, a democracia (hoje uma mera farsa) que me deixa um sabor amargo e a sensação de que algo não bate certo nesta história. As escolhas dúbias têm que ver com alguns dos convidados participantes nas comemorações que mesmo que indirectamente, são dos principais responsáveis pelo caminho que nos trouxe até aqui. Convidar João Duque, um dos arautos da defesa do Deus "mercado" para falar de democracia só pode revelar falta de tacto e é óbvio que a conversa só poderia acabar onde acabou. Na moda do "empreendedorismo". Na responsabilização individual pelo sucesso de cada um e na crise como oportunidade redentora. Mais valia ter trazido ao concelho de Loulé o democrata Miguel Relvas e o seu empreendedor mor que nos disse que o que é preciso é saber "bater punho". Por outro lado, pôr no mesmo saco todos os deputados eleitos pelo Algarve, colaboracionistas, neofascistas e democratas só pode ser brincadeira de mau gosto. Tudo se passa como se a crise não tivesse responsáveis políticos e o ataque à democracia, ao Estado Social e à vida dos portugueses fosse qualquer coisa de ordem divina. O relativismo moral em que caímos em que tudo se equivale é precisamente um dos aspectos centrais do estado a que isto chegou. Antes contra a democracia. Agora pela democracia. Apoiar Passos Coelho e um governo que provocou a maior regressão social na história do país nas últimas décadas ou outra coisa qualquer é tudo a mesma coisa. O que importa é pertencer à corte. O resto são críticas de gente que certamente constitui uma "ameaça à democracia" e que "ataca" essa abstração generalizante autodesignada "poder local".

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