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sábado, abril 07, 2012

Culpas sistémicas e contradições biográficas

O que é impressionante no testemunho do reformado Grego que se suicidou na praça Syntagma é que ele inverte um dos mais poderosos modos de dominação dos poderes dominantes sobre a vida dos indivíduos. Se é verdade como disse Ulrich Beck que os indivíduos são hoje seduzidos a encontrar soluções biográficas para contradições sistémicas, o grego Dimitris Christoulas faz uma leitura da realidade que joga para o caixote do lixo das calendas o mecanismo habitual de transformação da vítima em culpado. É o sistema e todas as suas contradições no máximo esplendor aquilo que o levou a pôr termo à sua vida. Fica o seu testemunho em baixo. Que descanse em paz.

Escrito deixado pelo grego Dimitris Christoulas quando decidiu pôr termo à sua vida:

"O governo de ocupação aniquilou-me literalmente qualquer possibilidade de sobrevivência dado que o meu rendimento era inteiramente proveniente de uma pensão que eu, sem qualquer apoio de ninguém nem do Estado, financiei durante 35 anos.
Porque a minha idade me impede de assumir uma acção radical (se não fosse isso, se um cidadão decidisse lutar com uma Kalashnikov, eu seria o primeiro a segui-lo), não me resta nenhuma solução excepto colocar um fim decente à minha vida antes de ser forçado a procurar comida nos caixotes do lixo e de ser um peso para os meus filhos.
Eu acredito que a juventude sem futuro brevemente se erguerá [literalmente: “empunhará armas”] e enforcará todos os traidores nacionais de cabeça para baixo, como os Italianos fizeram a Mussolini em 1945 [Piazzale Loreto, Milão].

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