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segunda-feira, setembro 05, 2011

De Quando o Fascismo Financeiro Austeritário Foi Aos Bolsos Da Classe Média Alta

Esta semana aconteceu um fenómeno engraçadíssimo no panorama mediático nacional. Jornalistas de todo o tipo, comentadores económicos convencionais, políticos de esquerda e de direita, homens de letras e da advocacia, burgueses conservadores em geral, uniram-se num coro de protestos contra as medidas do programa Troika +. Tudo se passou como se a ida ao bolso dos próprios tivesse provocado um verdadeiro choque com a realidade. Enquanto o fascismo financeiro austeritário foi aos bolsos dos mais pobres dos pobres tudo era inevitabilidades, sacrifícios indispensáveis e uma dor que era dolorosa mas que teria que ser repartida por todos. Estavamos na Era, já não da justa repartição da riqueza (tão longe que já lá vai este discurso), mas na Era da justa repartição dos sacrifícios. A Era das Inevitabilidades era a Era Sacrificial. Enquanto se cortou salários à pequena e média burguesia citadina a austeridade girou sobre rodas. A quando dos cortes indecentes nos apoios sociais a quem mais deles precisa, a vida foi percepcionada como dura, mas necessária. Quando se decidiu do escandaloso corte das indemnizações aos desempregados agora mais facilmente despedidos isso foi tido como algo necessário ao bom funcionamento da economia. Quando se subiram brutalmente os impostos que afectavam com mais dor "os outros" da vida airada o plano da Troika a isso obrigava. Quando a burguesia que está no poder já sem saber o que fazer e como fazer o que está a fazer fez o que a grande burguesia financeira quer que ela faça, aqui del rei que Vitor Gaspar não sabe o que está a fazer. Foi com um certo espanto (e vou ser sincero) e um certo gozo que assisti aos comentadores do costume a rejeitarem as políticas do costume em nome dos sacrifícios fora do costume que foram convidados a fazer. Nas televisões e jornais nacionais foi assim possível assistir a intermináveis debates já não sobre a política nacional mas sobre o que a política nacional lhes estava a fazer, aos próprios entenda-se. E ainda a procissão vai no adro. Passos Coelho diz que o sufoco acaba em 2012 (tirem-me deste filme!). Vitor Gaspar fez previsões para a economia nacional no âmbito do seu plano estratégico que o reprovaria em qualquer faculdade de economia da nação e o mesmo Passos Coelho pede paz e amor, começa a temer as redes sociais e a rua e jura a pé juntos que "nunca iremos por aí". Eu pessoalmente, não posso afirmar que nunca irei por onde Passos Coelho não quer que eu vá. Não sei bem para onde vou, sei que não vou por aí. Entretanto, vou voltar à leitura de As Lutas de Classes em França. Ajuda-me a perceber esta bagunça.

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