A minha Lista de blogues

domingo, julho 31, 2011

O Jardim da Madeira e do PSD

Deplorável o comício de Alberto João Jardim na Madeira. Populista até mais não. Incentivando a homofobia. Deteriorando a imagem da política. Deve ser uma experiência enriquecedora ser empresário, político da oposição ou jornalista no Arquipélago da Madeira. Para o PSD deve ser um orgulho ter este campeão de eleições a representar a mais alto nível o partido. Não restam quaisquer dúvidas. A Madeira é um Jardim. A Madeira é do Jardim.

A Glocalização à Porta de Casa

1. Após seis anos de vida e de observação curiosa das crianças, outras, que brincam na rua, à porta de casa, o Pedro, um dia destes pediu-me para o deixar brincar na rua com os outros meninos. Um dilema na vida dos pais das cidades modernas. Como o espaço da cidade não é pensado na sua função social de espaço público, a zona onde moro, é marcada pela privatização do espaço, sem um único espaço público digno desse nome convidativo à produção de mixofilias. Prédios com muitos apartamentos, cercados de prédios, com muitos apartamentos. Um parque para os carros de residentes e outros transeuntes e passeios pedonais com a mera função de lugares fugazes de passagem. Muitos carros a circularem diariamente onde as crianças brincam e o dilema para os pais reside na permissão da brincadeira fundamental numa zona de elevado risco acidental.

2. Espaço verdadeiramente público com função produtora de convívio e aproximação social, nem vê-lo. Cada vizinho mora no seu buraco apartamental e a categoria de vizinhança é quase que imposta pela mera obrigação do bom dia ou boa tarde dos encontros furtivos de cada situação social. Se não há a construção política de um espaço público fazedor de mixofilias, há pelo contrário uma segmentação apartamental do espaço residencial produtor de mixofobias. Em cada vizinho habita um potencial estranho e em cada estranho um desconhecido habitual.

3. Desde que decidi irresponsavelmente permitir a brincadeira colectiva fundamental satisfazendo o apetite insaciável de mixofilia da criançada habitual, o Sacha (em português Alexandre) todos os dias vem bater à minha porta a perguntar se o Pedro pode ir brincar. O Sacha é, disse-me o Pedro, da Moldávia e com o Sacha o Pedro adora brincar. Estava a ler este fim de semana Zygmunt Bauman e a sua obra "Confiança e Medo na Cidade" e não pude deixar de reparar que para as crianças é muito mais "natural" a prática da mixofilia. É espantosa a facilidade das crianças fazerem conhecidos, ignorarem barreiras culturais e "étnicas" e partirem à aventura da brincadeira mesmo com desconhecidos que rapidamente se tornam "amigos".

4. Um dia o Sacha tocou à campainha da porta, abri e perguntei-lhe se queria entrar para fazer companhia ao Pedro. Respondeu-me o Pedro que não. Os pais do Sacha não queriam o Sacha na casa dos amigos. Compreendo os receios dos pais, mas não deixa de ser interessante como os adultos partem mais facilmente para relações mixofóbicas, de evitamento e de receio dos outros e do desconhecido. A mesma globalização que há porta de casa engrandece o Pedro e o Sacha é a mesma globalização que produz em cada vizinho, lado a lado, por vezes no mesmo prédio, estranhos desconhecidos de quem não hesitamos em nos proteger. A globalização à porta de casa. Tempos novos de um mundo por reinventar. E a reinvenção, política, deveria acontecer, sem hesitações, em direcção a mais mixofilia. É essa é a reinvenção que vale a pena inventar. Essa e só essa pode atenuar a tendência citadina crescente da mixofobia.

sábado, julho 30, 2011

De Novo - As Habilidades do Engenheiro Macário Correia



Depois de ter dito o que disse e de ter desdito o que atrás já tinha dito, o engenheiro Macário voltou ontem no Observatório do Algarve a desdizer o que anteriormente disse. De início contra as portagens apelando à desobediência civil. Depois com o governo PSD a tentar convencer os algarvios das "inevitabilidades". Agora, a crer-nos convencer a todos que a justiça da introdução de portagens depende da "requalificação" da 125. Ora a rua nacional 125 não é "requalificável". Umas largas dezenas de rotundas numa estrada onde mal cabem dois carros não faz uma "requalificação". Que o engenheiro Macário Correia queira desdizer o que disse do que já tinha dito, para "reparar" o absoluto desconforto dos que ouviram o que ele disse e desdisse, a gente ainda entende. O que não se entende é a sua contínua persistência em tomar o povo algarvio por parvo. E já era hora de ter reparado nisso. É que beijar uma mulher que fuma, não é, por muito que nos queiram fazer crer disso, o mesmo que lamber um cinzeiro.

Ver, as novas declarações de Macário Correia, aqui:
http://www.observatoriodoalgarve.com/cna/noticias_ver.asp?noticia=46820

quinta-feira, julho 28, 2011

Cordão Humano Contra as Portagens na Via do Infante


Sem paz social não há reformas douradouras mas sem reformas justas não há paz social. Nascidos e residentes no Algarve ciber mobilizam-se, de novo, contra as portagens na Via do Infante a 1 de Setembro.

Ver tudo aqui: http://pt-pt.facebook.com/pages/Algarve-Portagens-na-A22-N%C3%83O/146137288757421?sk=wall

quarta-feira, julho 27, 2011

Ajudar a Banca

Parece que a brutal pressão que os banqueiros fizeram ao governo de Sócrates para que a Troika "ajudasse" Portugal afinal não era uma verdadeira "ajuda". Os banqueiros estão aí de novo, agora para dizer que o programa da troika para o sector financeiro "é um confisco aos accionistas". Os banqueiros querem mais. Não negam que o plano da troika é bom para o resto da sociedade, ele é mau é mesmo para a banca. E a solução que avançam não espanta ninguém. O Estado através do sector público é que deve resolver a crise financeira da banca. Que o desemprego tenha disparado em massa por causa do programa da troika não é grande problema. Que se tenham facilitado os despedimentos não vem mal daí ao mundo. Que se privatizem os melhores recursos públicos a preço de saldo é da ordem dos negócios. Que se cortem nos apoios sociais só faz parte da diminuição natural das "despesas" do Estado. Que o fascismo financeiro austeritário leve a economia do país a uma profunda recessão é uma inevitabilidade e um mal necessário. Confiscar os rendimentos aos accionistas é que não. O Estado português não pode consentir uma coisas dessas. O novo mago das finanças tratou logo da emergência social de elaborar um plano "cirúrgico" para tratar de "ajudar" a banca. Até porque o Estado não exponenciou a dívida pública com as asneiras da banca. O BPN é uma organização religiosa. E eu como contribuinte sou a Madre Teresa de Calcutá.

segunda-feira, julho 25, 2011

O Engenheiro Macário Correia, A Política e Os Políticos

1. Depois de ter dito e desdito, o Engenheiro Macário Correia vem agora no Região Sul desdizer de novo o já dito. Que era contra, mas que compreendia o anterior governo e que agora é contra, mas a favor, porque as condições do país estão piores do que há alguns dias atrás. O que o Engenheiro Macário Correia se esquece de dizer é que apelou à desobediencia civil da população algarvia e que quem apela à desobediencia civil de uma população inteira não pode depois mudar de opinião ao sabor das circunstâncias, ainda mais quando o que mais mudou nessas circunstâncias foi a cor política do partido no governo, exactamente o partido do engenheiro Macário Correia. Se as circunstâncias se agravaram, com graças dos PEC's dos partidos do centrão, mais um motivo para não se exigir mais sacríficios às populações com umas portagens que não se sabe ainda, se à semelhança do resto do país, mais não vão fazer, que enriquecer as concessionárias.

2. Depois das mentiras de Sócrates terem contribuido para o pouco que resta da credebilização da política e dos políticos em Portugal, o engenheiro Macário Correia com as suas posições contra e a favor das portagens na Via do Infante, ziguezagueando ao sabor do momentos e das suas leituras do momento só ajudou ainda mais ao fomento da percepção popular de que os políticos são uns troca tintas. Vale a pena reforçar as palavras com que o próprio termina o seu desdito hoje no jornal Região Sul: Sejamos todos responsáveis.

You Know I'm No Good



Boa semana para todos os seres humanos vivos. You Know I'm No Good. Amy Whinehouse. Ultimamente ando cheio de medo da morte. Penso que já só vivo para aí mais uns trinta se normalidade existisse nestas coisas. Isso assusta-me. Queria mais, muito mais. Queria ver e saber tudo.

domingo, julho 24, 2011

Aliviar A Dor

1. Esta semana foi uma semana importante para a União Europeia. A realidade é uma coisa tramada e o fascismo financeiro austeritário tem dificuldade em lidar com ela. As taxas de juro das dívidas públicas nacionais baixaram. Os prazos de pagamento da dívida flexibilizaram-se. Os privados foram obrigados a entrar no jogo do pagamento da dívida (estamos cá para ver). E arranjou-se mais umas coroas para jogar para cima da bancarrota da Grécia. Depois do "murro no estômago" nos defensores do fascismo financeiro austeritário através das maldades das agências de rating, esta semana deu-se uma viragem "colossal" nas ideias destes mesmos defensores da nova forma de fascismo. O que ainda ontem era impossível a realidade nua e crua fez ser possível. Afinal não há inevitabilidades.

2. Nesta mesma semana, em Portugal, toda a direita portuguesa mais o PS (não tem emenda) rejeitaram na Assembleia da República uma proposta de restruturação da dívida portuguesa avançada pelo PCP. Voltaremos à "realidade" (maldita realidade) daqui a algum pouco tempo. Estaremos cá para ver.

3. Se alguém pensa que as medidas tomadas pelos líderes europeus esta semana vão resolver o que quer que seja da actual crise da Europa está muito enganado. As medidas que vão efectivamente no bom sentido mais não fazem do que aliviar a dor. O fascismo financeiro austeritário tem a sua centralidade nas medidas da Troika. E enquanto essas medidas que levam os países a uma profunda recessão não forem totalmente alteradas de cima a baixo a crise não tem solução. É o círculo vicioso do austeritarismo recessivo. Acreditem se quiserem. Vale o que vale. Eu até nem sou economista.

sábado, julho 23, 2011

Do Fascismo Financeiro Austeritário

O que diria Salazar desta medida?

"Passar na portagem sem pagar vai permitir ao Estado a penhora do carro do infractor. A decisão, ontem revelada pelo Ministério das Finanças, implica que, no limite, quem passe, por exemplo, na Ponte 25 de Abril sem pagar 1,45 euros de portagem possa ficar sem o carro para pagar a dívida. "

quinta-feira, julho 21, 2011

Reacções Blogosféricas às Declarações de Macário Correia Sobre as Portagens na Via do Infante

Se o facebook relegou a blogosfera para segundo plano ela não deixou de estar viva.

Ver os setenta e quatro comentários a uma certa postagem aqui:
http://adefesadefaro.blogspot.com/2011/07/depois-de-se-ter-recusado-aceitar.html

Intervalo



Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!

Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.

Fernando Pessoa

terça-feira, julho 19, 2011

Eu Sou Contra, Mas Também Sou A Favor, Mas Eu Sou Contra, Mas Também Sou A Favor...

"Uma coisa é a gente mudar de opinião, outra coisa é a a gente constatar que as circunstâncias mudaram (...) Uma coisa é termos uma opinião contra e conseguir que seja levada por diante, outra coisa é manter a nossa opinião, mas perceber que alguém decide contra a nossa vontade e que coloca uma decisão em marcha, e é isso que eu penso que poderá vir a acontecer."

Declarações de Macário Correia sobre a introdução de Portagens na Via do Infante.

Ver aqui:
http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/noticias/ultima-hora/comissao-de-utentes-contra-palavras-de-macario-correia

Notas soltas sobre bancarrota e outros devaneios

1. Para se perceber a dimensão da crise e como ela numa era global afecta o local constata-se esta semana que a Câmara Municipal de Loulé não vai organizar a "Noite Branca".

2. Obama disse por estes dias que os EUA não são a Grécia, nem Portugal. O que não abona muito em respeito pelo seu cão de água. Quando o Presidente dos EUA diz uma coisa destas, melhores dias já tiveram os EUA.

3. O Partido Comunista de Loulé emitiu um comunicado contra a higienização da sua propaganda levada a cabo pela Câmara de Loulé. O jornal a Voz de Loulé quis ouvir a outra versão e foi ouvir um responsável da Câmara de Loulé (e escreveu que ia ouvir a outra parte, ou seja a Câmara de Loulé, isto é o que deve fazer sempre o bom jornalismo).

4. Para se perceber a dimensão da crise valeu a pena ver o Prós e Contras de hoje à noite. Ricardo Paes Mamede, João Ferreira do Amaral e Viriato Soromenho Marques de um lado (este último com posições mais "moderadas") e no pólo oposto João César das Neves. Para se perceber a dimensão da crise é preciso ter visto César das Neves (e muito gesticulou o homem, abençoado pluralismo) em minoria e Fátima Campos Ferreira a interpelá-lo como o "mau" da fita. O mundo já não é o que era.

5. Devaneio último: - Vale sempre a pena relembrar esta fabulosa passagem do prefácio de Marx em Para a Crítica da Economia Política: "na produção social da sua existência os homens entram em determinadas relações, necessárias, independentes da sua vontade, relações de produção que correspondem a uma determinada etapa de desenvolvimento das suas forças produtivas materiais. A totalidade destas relações de produção forma a estrutura económica da sociedade, a base real sobre a qual se ergue uma superstrutura jurídica e política, e à qual correspondem determinadas formas da consciência social. O modo de produção da vida material é que condiciona o processo da vida social, política e espiritual. Não é a consciência dos homens que determina o seu ser, mas, inversamente, o seu ser social que determina a sua consciência."

domingo, julho 17, 2011

Do Fascismo Financeiro Austeritário



Pedro Passos Coelho encontrou um "desvio colossal" nas contas públicas. Logo em seguida, através da novilíngua orweliana, Vitor Gaspar, o senhor Troika, redefiniu o significado semântico de "desvio colossal" para "trabalho colossal", que o mesmo é dizer, mais austeridade como solução para o fracasso das medidas de austeridade. Hoje, Passos Coelho já anunciou para breve o anúncio de mais austeridade. E anunciou o anúncio com ar triunfante. A austeridade transformou-se numa coisa boa, num sinal simbólico de coragem e virtude e o seu anunciador é tido como um homem providencial virtuoso. De certa forma é a continuação absurda da crença num homem "determinado". Os contribuintes alemães agradecem e Portugal assemelha-se cada vez mais com a virtuosa orquestra do Titanic. Já não é só a "Tempestade Perfeita". É um verdadeiro "Naufrágio Colossal".

A Doutrina Do Choque



A Doutrina do Choque from Muito Aterrorizado on Vimeo

Se o documentário grego "dividocracia" é fundamental para se perceber a crise das dívidas ditas "soberanas", o documentário que melhor retrata o fascismo financeiro austeritário é sem sombra de dúvida "A doutrina do choque" onde se aborda os efeitos intencionais do capitalismo de desastre. Volto a colocá-lo de novo à disposição de quem quiser ver, porque me parece indispensável.

quinta-feira, julho 14, 2011

Do Fascismo Financeiro Austeritário

1. Os profetas do austeritarismo, quais virgens ofendidas, entraram em estado de choque, qual "murro no estômago" com as notações da Moody's que colocaram Portugal no reino do "lixo". A política que agiu no sentido da desregulação dos mercados criou a criatura que não passa agora o mínimo cartão ao seu criador. As agências de rating são actores do mercado e o mercado existe para fabricar já, rapidamente e em força lucro, muito lucro, o máximo de lucro. A criatura nos tempos actuais virou as costas ao criador e o criador encontra-se impotente face aos desejos da criatura. A lógica de acção da criatura só se compreende a partir do capitalismo de devastação neoliberal. A lógica de acção do criador deveria ser o zelo pelo bom funcionamento da democracia. Neste momento capitalismo e democracia são dois sistemas de difícil entendimento. O primeiro apenas obedece à reprodução de mais valias do capital. O segundo parece ter-se demitido de regular o interesse público à escala global.

2. O segundo estado de choque das virgens ofendidas vai ser, em breve, em relação ao brutal falhanço do plano da Troika. Baixar salários contribui para a dinamização da economia nacional? Despedir pessoas em massa contribui para o desenvolvimento da economia nacional? Aumentar os impostos desenfreadamente contribui para o desenvolvimento da economia nacional? Propôr condições drakonianas para pagamento dos juros contribui para o desenvolvimento da economia nacional? Privatizar os melhores recursos públicos do Estado contribuindo para o enriquecimento súbito de alguns actores privados contribui para o desenvolvimento da economia nacional? Baixar de forma abrupta o poder de compra dos consumidores contribui para o desenvolvimento da economia nacional? Gerar um clima de medo nos locais de trabalho contribui para o desenvolvimento da economia nacional? Fazer crer às pessoas que o sofrimento austeritário é bom para elas contribui para o desenvolvimento da economia nacional? Retirar a capacidade de fazer futuro às pessoas é bom para a economia nacional? Alguém pode acreditar que este conjunto de medidas, só para citar algumas, vai permitir "alavancar" a economia e contribuir para o pagamento da dívida dita "soberana" da economia nacional? Alguém com o mínimo de bom senso acha que este conjunto de medidas vão contribuir para o desenvolvimento económico e social de Portugal?

3. Pelo menos duas coisas são espantosas nesta crise. Em primeiro lugar a dimensão a que pode chegar a cegueira ideológica colectiva (a última cegueira ideológica que me impressionou foi o silêncio e o unanimismo do PS à volta de Sócrates). Como é possível que tanta mente altamente escolarizada não veja que o mundo se está a desmoronar à sua volta e que não veja que o plano da Troika é um caminho traçado para um poço sem fundo de impossível saída? A segunda coisa espantosa é ver a que ponto se pode espremer o sofrimento de um povo. Qual é o limite? Quem leu umas coisas sobre o que foi o holocausto nazi sabe que o limite pode ir para além do imaginável. Assistimos hoje a um dos maiores saques da história do capitalismo ao nível das transferências de rendimento do trabalho para o capital. Haverá capacidade de indignação suficiente que evite a catástrofe?

Nada Do Que Deva Ser Estatal Permanecerá Nas Mãos Do Estado



Obrigado ao Sérgio pelo envio do link. Excelente vídeo sobre o fascismo financeiro neoliberal.

terça-feira, julho 12, 2011

Para Que Serve o Estado?

Quase metade da população portuguesa estaria em risco de pobreza não fossem as prestações da Segurança Social: 43,4 por cento, segundo o Instituto Nacional de Estatística, cujo relatório sobre rendimentos e condições de vida relativo a 2009 foi ontem divulgado. Para 2010, o cenário das conclusões adivinha-se mais negro, por causa das medidas de austeridade que induziram profundos cortes nos apoios sociais.

Segundo o documento, a população residente em risco de pobreza, ou seja, com rendimentos anuais por adulto inferiores a 5.207 euros, mantinha-se nos 17,9 por cento, o mesmo que no ano anterior. Porém, se a análise excluir as transferências sociais - pensões de reforma e sobrevivência e subsídios relacionados com a doença, incapacidade, família, desemprego e inclusão social - a proporção sofre um agravamento: dos 41,5 por cento registados em 2008 para os 43,4 por cento de 2009.

Ver mais aqui:
http://www.publico.pt/Sociedade/sem-a-ajuda-do-estado-43-dos-portugueses-estariam-em-risco-de-pobreza_1502512

Portagens Na Via Do Infante Não São Uma Inevitabilidade



Ao contrário do que nos quer fazer crer o Engenheiro Macário Correia nas suas declarações à imprensa de há alguns dias atrás, a introdução de portagens na Via do Infante não é uma inevitabilidade. Um negócio que é ruinoso para o Estado, que é pago com o dinheiro dos cidadãos, que prejudica fortemente a região do Algarve e que enriquece as concessionárias com o dinheiro dos contribuintes é não só injusto como totalmente ilegítimo. E se é ilegítimo não pode ser uma "inevitabilidade".

segunda-feira, julho 11, 2011

Do Fascismo Financeiro Austeritário

O país austeritário está de novo em estado de negação. Enquanto Sócrates se prepara para estudar a República de Platão e o Tratado de Política de Aristóteles, obras que deveria ter estudado antes de ter assinado o Tratado de Lisboa, Passos Coelho diz-se satisfeito porque apesar do rating da República estar no lixo, o Primeiro Ministro sente-se reconhecido pelas reacções do BCE, da Comissão Europeia e do FMI. O provincianismo submisso dos nossos governantes não tem fim. Passos de novo confunde as coisas da lógica com a lógica das coisas. Tudo se passa como se os elogios dos fascistas austeritários defensores da alta finança fossem sinónimo de alguma protecção do que quer que fosse.

O mais interessante desenvolvimento da última semana é que a Moddy's deslegitimou as políticas fascistas austeritárias da Troika e a Troika deslegitimou o fascismo austeritário das agências de rating. O que é de espantar é o facto dos políticos que nos governam, a parte mais conservadora do campo jornalistico, os economistas ortodoxos que se passeiam na TV e os reacionários ligados aos interesses da banca, terem entrado em estado de negação (onde é que já vi isto?). Que as agências de rating obedecem a interesses privados nós já sabiamos há muito tempo, que elas tenham decretado arrogantemente e ilegitimamente o "lixo" à República, às cidades de Lisboa e Sintra, aos Arquipélagos e à banca não temos qualquer dúvida. Mas negar que o país está no fundo do caixote do lixo e que as políticas da Troika são parte do problema e não da solução é coisa que só a lógica não consegue explicar.

A aparente apatia produzida pelo fascismo conservador austeritário com a ajuda da "nova" comunicação social (O jornal Sol desta semana com destaque para o seu director ultrapassou os limites do pensável) desde o tempo das eleições é não só espantosa como altamente perigosa. Se se quiser fazer crer de novo que o problema é das agências de rating (que também é) e que a Troika é a salvação, quando isto rebentar de vez nem a Nossa Senhora de Fátima nos salva. E ela deve ter segredado a Dom José Policarpo que o corte fascista no subsídio de férias era uma obra divina.

sábado, julho 09, 2011

Portagens Na Via do Infante Não São Uma Inevitabilidade



Ao contrário do que nos quer fazer crer o Engenheiro Macário Correia nas suas declarações à imprensa de hoje, a introdução de portagens na Via do Infante não é uma inevitabilidade. Um negócio que é ruinoso para o Estado, que é pago com o dinheiro dos cidadãos, que prejudica fortemente a região do Algarve e que enriquece as concessionárias com o dinheiro dos contribuintes é não só injusto como totalmente ilegítimo. E se é ilegítimo não pode ser uma "inevitabilidade".

Pela Mobilidade e Sustentabilidade no Algarve

Amigos/amigas:

No próximo sábado reuniremos, em Loulé, para discutir o balanço da nossa ação em defesa de um Algarve livre de portagens, e para ver o que faremos no futuro para mantermos viva a ideia e a prática de rejeitarmos mais taxas que nos empobrecem e a toda a região, nestes tempos difíceis.

Uma das possibilidades, que já tínhamos previsto, é a criação de uma estrutura formal que melhore a nossa organização e eficácia neste combate, por exemplo uma associação de cidadania. Com esta estrutura poderemos ter uma palavra mais presente e uma intervenção mais respeitada junto das entidades do estado, bem como uma maior agregação dos cidadãos e cidadãs que, no Algarve, se preocupam com a mobilidade, quer seja na Via do Infante ou em qualquer outro sistema, ferroviário, ciclista, pedonal, etc.

Julgo, por isso, que a reunião de Loulé, no dia 9, deve ser alargada a toda a gente que queira associar-se à ideia de defesa de uma mobilidade mais justa e moderna, sem custos para os utilizadores e que promova a inovação de formas de transporte ambientalmente sustentável.

Excelente iniciativa. Ver texto e proposta do Helder Raimundo aqui:
http://contrasensus.blogspot.com/2011/07/o-futuro-da-luta-contra-as-portagens.html

quinta-feira, julho 07, 2011

Notas Soltas Sobre Bancarrota e Lixo

1. Começo pelas notícias dos meus vizinhos cibernéticos do blogue Calçadão de Quarteira. O Zé Carlos destaca e bem, no último post, o "investimento" das autarquias de Loulé e de Faro em 1000000 de euros (com seis zeros) para que o torneio da bola do Guadiana passe a ser o torneio da bola em São João da Venda. O dr. Emídio e o Engenheiro Macário, em época de bancarrota, comandam os destinos dos algarvios. Vinha a conduzir o carro do trabalho e ouvia a voz do Engenheiro Macário na rádio: "Os algarvios devem ter orgulho no Estádio do Algarve".

2. Os profetas neoliberais defensores do fascismo financeiro austeritário, num movimento colectivo de neo-indignação, reagiram em choque à descida para "lixo" do rating da república. Passos Coelho, que vai para além da Troika, diz que "levou um murro no estomago". Os banqueiros que sugam o "despesismo" do Estado ficaram apavorados. O presidente da Comissão Europeia, o dr. Barroso "discorda" das agências de rating (foi triste a imagem e o discurso de impotência do Dr. Barroso face ao poder do capital financeiro). A nova directora do FMI diz que Portugal não merecia. O dr. Medina Carreira diz que ficou "estupefacto" e o novo líder parlamentar do PSD, a quem ainda não fixei o nome, diz que não podemos "esmurecer".

3. Em casa vendo e ouvindo a TV continuou-se a falar de "lixo". Não foi só a República que entrou em "lixo". As cidades de Lisboa e Sintra (pasme-se) também estão ao nível do "lixo". Os arquipélagos da Madeira e dos Açores foram corridos para o mesmo caminho (Jardim já "proibiu" a Moody's na Madeira) e algumas das principais empresas públicas cairam na estremeira. Tenho que me pôr a pau senão qualquer dia destes estou a ouvir rádio ou a ver televisão e pasmo, a ouvir, que uma qualquer agência de rating reduz a minha pessoa a "lixo". "Standard and Poors coloca João Martins ao nível Ba2, ao nível do "lixo". A resposta da Moody's às criticas à sua decisão pareceu-se com aquela "vingançazinha" terrível que não poderiamos deixar de fazer à primeira oportunidade que temos para tramar aqueles tipos que falam mal de nós. Na era do fascismo financeiro austeritário as agências de rating fazem parte do jogo que mercadorizou a política.

4. Na televisão pública que foi despromovida à categoria de "lixo" uma jornalista loira de nome Sandra qualquer coisa (é loira e não me lembro do apelido), foi fazer uma reportagem à Grécia. É óbvio que as perguntas que ela por lá fez foram no sentido de mostrar que os Gregos são "despesistas" e "laxistas". Apesar de uma parte da população grega rejeitar este estigma externo a jornalista portuguesa já levava as ideias formatadas. No final da reportagem a cereja em cima do bolo. O comentador convidado: Medina Carreira. Apesar de achar que as agências de rating "são capazes de ter ido longe de mais", Medina Carreira lá concluiu que não vale a pena falar muito nisso. A solução é mais Troika. Apetece-me gritar: "Viva a República". Medina Carreira mostrou ainda dúvidas que aqueles protestos dos gregos que aparecem às vezes na televisão (mais nas estrangeiras do que nas portuguesas diga-se de passagem) sejam significativos do que pensa a população grega. Faltou por pouco dizer que aquelas imagens são de mentira. Apetece-me gritar "Viva a República". Não há por aí um cão Grego?

terça-feira, julho 05, 2011

Tratar Um Povo Como Lixo

A Moody's acaba de colocar o rating de Portugal ao nível do lixo. Primeiro era a "instabilidade política", agora já há estabilidade política. Depois era não aplicar o plano da Troika. Já vai no PEC 5, já me cortaram o salário e já me roubaram uma boa parte do subsídio de Natal. Decidiu-se aumentar impostos onde estes já sufocam qualquer possibilidade de crescimento económico. Vão-se privatizar os melhores recursos do Estado num contexto em que se compra e vende ao preço da banana. Facilitam-se os despedimentos. "Flexibiliza-se" o mercado de trabalho. Aniquila-se o já frágil Estado Social. Instaura-se um clima de medo. Temos o mais comportado dos bons alunos comportados a governar. E afinal nada disto conta. A lógica do fascismo financeiro austeritário é cruel. Baseada em profecias que se auto-realizam, em crenças especulativas sem qualquer objectividade científica, as agências de rating são autênticas máquinas de destruição maciça de vidas humanas. Para que serve a política? Sacrifícios para quê? Sacrifícios para quem? O Tribunal Internacional de Haia não tem a grande função de julgar os Crimes Contra a Humanidade?

Etnografia Da Estrada Nacional 125


Era muito interessante fazer uma etnografia da rua nacional 125. Hoje fui a Almancil e pude constatar que a desorientação política nacional e local é total. Nos últimos dois anos o centro de Almancil esteve em obras (ainda está, em frente ao Apolónia até São Lourenço), e pasme-se, com a finalidade de alargar os passeios e portanto, de estreitar a estrada. Como é possível que isto seja conciliável com a dita "requalificação" da estrada nacional 125? A quantos quilómetros por hora vamos passar a circular para percorrer o Algarve sem pagar taxações indevidas? A política que gasta rios de dinheiro a alargar os passeios para peões (e bem) e a estreitar a via de circulação rodoviária é compatível com a que estimula o aumento da circulação automóvel nas localidades que percorrem a mais famosa estrada do Algarve ?

domingo, julho 03, 2011

Da Mobilidade Social Descendente

Excelente cobertura jornalistica do jornal Público deste Domingo sobre o crescimento da franja dos novos pobres em Portugal, em situação de mobilidade social descendente, deslocados no espaço social da posição das denominadas "classes médias" para a situação brusca de empobrecimento. Destaque na primeira página: "Há fome naquela casa": a classe média está a recorrer ao banco alimentar". Destaque no Editorial: "Pobres como nós, no cenário incerto da crise portuguesa. O surgimento de uma franja cada vez maior de novos pobres é sintoma de uma deterioração impensável há alguns anos". São auscultados alguns dos principais especialistas na temática da pobreza e das desigualdades em Portugal: Manuela Silva, Elísio Estanque, José Pereirinha. Dão testemunho alguns dos principais responsáveis de instituições de apoio à pobreza e relatam-se algumas das situações dramáticas que vivem as pessoas e suas familías no dia a dia da dura realidade: "Em casa até tenho uma televisão boa, mas não posso comer a televisão!"; "Há fome naquela casa"; "Ainda não consegui satisfazer o meu desejo de grávida: bacalhau"; "Para mim foi uma guerra isto de ter de pedir ajuda"; "As pessoas iriam dizer que me estou a aproveitar do sistema"; "Comemos muita sopa e, quando dá, sopa e uma bifana ou sande". Este é o Portugal da segunda década do Século XXI. Uma classe "média" fragilizada em acelerado processo de empobrecimento, a pobreza em geral com elevada probabilidade de rápido crescimento, um Estado Social em acelerado processo de retracção, um país com dificuldade em fazer futuro. Este é o lado oculto e não dito dos discursos dominantes dos profetas do austeritarismo. Parabéns ao jornal Público.

Ver aqui:
http://jornal.publico.pt/noticia/03-07-2011/em-casa-ate-tenho-uma-televisao-boa-mas-nao-posso-comer-a-televisao-22300172.htm

Auditoria Cidadã

Charisteas



Bom resto de fim de semana...

sábado, julho 02, 2011

Sinal Positivo Na Política Partidária

O exercício de autocrítica que está a ser feito pelos militantes do Bloco de Esquerda é o que de melhor se tem feito nos últimos anos na vida política partidária. Os militantes emitem a sua opinião de forma livre e cada um à sua maneira diz o que lhe vai na alma sobre a vida do partido. Se este exercício fôr mais além do que um mero exercício de autoflagelação não tenho quaisquer dúvidas de que o Bloco de Esquerda sairá mais forte para o futuro. Para tal é preciso que a direcção leia as contribuições, pare, escute, olhe e recolha o que de melhor se encontra nas propostas para encontrar um rumo para o futuro. Se os partidos em geral anulam as individualidades que a eles mesmos pertencem, este pode ter sido um bom exemplo de como se pode pertencer a um colectivo sem anular a individualidade de cada um dos membros, individualidade essa hoje tão valorizada individualmente e tão subestimada colectivamente na vida partidária.

Ver aqui:
http://www.esquerda.net/artigos/Debates%202011

Passos Coelho

Passos Coelho já começou o caminho que levará ao fim do último vestígio de legitimidade democrática que ainda resta ao Estado Português (o que resta de legitimidade já é muito pouco). Depois de termos um primeiro ministro que era tratado publicamente de mentiroso por alguns dos principais comentadores nacionais, Passos Coelho já começou a "quebrar promessas". O corte no subsídio de Natal e a injecção massiva de 1000000 de euros no BPN (viva a Aldeia da Coelha) acabaram com o estado de graça do governo do PSD. Aposto em ano e meio até à próxima vassourada. Com a gravidade acrescida do PS não ter credibilidade eleitoral e da esquerda da direita que é hoje o PS não conseguir força eleitoral suficiente. Resta o quê? Resta aquilo que se passa na Grécia. A anarquia, o desespero e a explosão social. Depois não se queixem e não digam que a culpa é da crítica dos críticos. Esses maledicentes e bota abaixistas. Uns verdadeiros catastrofistas.

Para onde vai o dinheiro do Subsídio de Férias? Se isto não é roubar aos pobres e remediados para dar aos ricos, isto é o quê? Para o BPN?

Em Diário da República aqui: http://5dias.net/2011/07/01/sem-espinhas/

Despacho n.º 8770/2011

Considerando que a Caixa Geral de Depósitos, S. A. (CGD), organizou, em conjunto com o Caixa — Banco de Investimento, S. A., o Banco Efisa, S. A., e o Banco Português de Negócios, S. A. (BPN), um programa de emissões de papel comercial do BPN, a emitir até ao montante máximo de € 1 000 000 000, com garantia total de subscrição pela CGD, e que se destina a assegurar o financiamento de todas as necessidades de tesouraria do BPN decorrentes das responsabilidades pecuniárias assumidas na sequência dos apoios de liquidez prestados pela CGD, no contexto da nacionalização, bem como, nessa medida, a permitir o desenvolvimento da actividade bancária normal do BPN; Considerando que os apoios de liquidez prestados pela CGD no contexto da nacionalização, ouvido o Banco de Portugal, foram realizados com vista a assegurar ao BPN uma situação de liquidez adequada a fazer face às suas responsabilidades, nomeadamente perante depositantes, e, nessa medida, a assegurar a estabilidade do sistema financeiro nacional; Considerando que, nos termos do n.º 9 do artigo 2.º da Lei n.º 62 -A/2008, de 11 de Novembro, as operações de crédito ou de assistência de liquidez realizadas pela CGD a favor do BPN, no contexto da nacionalização e em substituição do Estado, até à data da aprovação dos objectivos de gestão do BPN, beneficiam de garantia do Estado por força desta lei; Considerando que, nos termos do disposto no n.º 10 do artigo 2.º da Lei n.º 62 -A/2008, de 11 de Novembro, se encontra observado o limite máximo para a concessão de garantias pessoais do Estado estabelecido no n.º 1 do artigo 80.º da Lei n.º 55 -A/2010, de 31 de Dezembro; Considerando que as condições financeiras da operação são idênticas às anteriormente aprovadas e objecto de parecer favorável do Instituto de Gestão da Tesouraria e do Crédito Público, I. P., nos termos do disposto na alínea t) do n.º 1 do artigo 6.º dos respectivos estatutos: Ao abrigo da delegação de competências proferida nos termos do despacho n.º 4075/2010, de 22 de Fevereiro, publicado no Diário da República, 2.ª série, n.º 46, de 8 de Março de 2010: 1 — Confirmo que se verificam as condições legais que permitem à emissão de papel comercial a realizar pelo BPN, até ao montante de € 1 000 000 000, ao abrigo do programa de emissões de papel comercial do BPN, cujas condições constam da ficha técnica anexa, beneficiar da garantia pessoal do Estado por força do disposto no n.º 9 do artigo 2.º da Lei n.º 62 -A/2008, de 11 de Novembro.

2 — Determino a fixação da taxa de garantia em 0,2 % ao ano. 9 de Junho de 2011. — O Secretário de Estado do Tesouro e Finanças, Carlos Manuel Costa Pina.
Emissão