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segunda-feira, janeiro 17, 2011

Plasticidades Contemporâneas

Plasticidade 1: Andar na vida partidária de hoje supõe um ser humano de plasticina. O ser humano de plasticina é oposto ao homem de convições. O homem de convições não tem lugar hoje na vida partidária. O político de plástico tem que estar preparado para dizer sim e não sempre que tal seja preciso. Sim e talvez. Sim hoje e não amanhã. Não, se tudo correr de feição. Sim, se nada correr de feição. Sim, mas a disciplina de voto não me deixa. Não, porque sim e sim porque não. O doutor Bota a propósito do seu voto a favor e contra a introdução de portagens na Via do Infante é o protótipo paradigmático. Voto sim porque não me deixam e se me deixassem eu votava não. Pura plasticina.

Plasticidade 2: O Nobel Paul Krugman diz que a negociação da dívida apregoada como um sucesso por Sócrates é ruinosa. Joaquín Almunia já veio dizer que o nobel não percebe nada da economia da Europa e que na Europa provavelmente retirariam o nobel a Krugman pelas suas análises sobre economia europeia. Nota-se que o caminho que a Europa está a percorrer não dá razão a Krugman mas a Almunia. O desastre dá razão aos sábios da Europa que nos próximos tempos devem ter milhares de candidatos a Nobel da economia. O que confrange é a plasticidade (tóxica!) do argumento do europeu Almunia.

Plasticidade 3: A morte do cronista Carlos Castro provocou uma masturbação jornalistica. Vitor Alves, capitão de Abril, com um papel decisivo na Revolução dos Cravos e na instauração da democracia em Portugal passou despercebido na imprensa nacional e quando muito lá foi notícia como se da divulgação de uma morte numa página normal de obituário se tratasse. Na cacofonia da vida quotidiana o tempo é fértil em plasticidades.

Plasticidade 4: Sócrates jurou ontem a pés juntos que não foi ao Qatar negociar a dívida. Amado afirmou hoje à boca cheia que Sócrates foi ao Qatar negociar a dívida. O que hoje é verdade amanhã é mentira. Uma marca clara dos tempos da plasticina.

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