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sábado, dezembro 04, 2010

Os Mercados

Os "mercados" devem ser uns tipos obtusos (falo de tipos e não de tipas porque levanto a hipótese dos "mercados" serem hegemonicamente masculinos) com um humor inversamente proporcional aquele bom humor que nos faz rir das coisas mais simples da vida. É que segundo as principais mentes económicas que controlam a tribuna mediática, os mercados "reagem". E nos últimos tempos deu para perceber que eles "reagem" por tudo e por nada. Esta semana ouvia num canal de TV um desses novos profetas da economia a "explicar" que os "mercados" observam o que se passa nos Açores de Carlos César e não "gostam do que vêem". Os "mercados" são uns tipos espertos. Eles gostam de ver os "outros" na miséria mais completa. Os "mercados" devem ter lido Sartre. Eles sabem que "o problema são os outros". Os "mercados" devem também ter lido o poeta Aleixo pois eles fazem das horas amargas lições de filosofia. O Governo dos Açores decide atribuir um subsídio aos funcionários públicos da região para que estes não baixem o seu nível de vida? Os "mercados" reagem. Um qualquer governo da Europa não corta nos salários dos trabalhadores? Os "mercados" reagem. Um qualquer governo nacional hesita na retirada de subsídios de desemprego aos mais miseráveis dos miseráveis? Os "mercados" reagem. As populações fazem greve e exercem os seus direitos consagrados constitucionalmente nos Estados democráticos? Os "mercados" reagem. Um qualquer governo não põe em prática as receitas do FMI e não corta os subsídios de Natal e o décimo terceiro mês? Os "mercados" reagem. As classes médias não reduziram o seu nível de vida e vivem "acima das suas possibilidades"? Os "mercados" reagem. As populações ainda não estão na mais completa miséria e expropriadas dos seus mais elementares direitos sociais? Os "mercados" reagem. A concentração de riqueza nas mãos de uns poucos ainda não atingiu um ponto em que todos os outros estão próximo da geral pauperização? Os "mercados" reagem. Em breve, esse dia, o da proximidade à situação de pauperização geral das condições de vida vai estar próximo e quando o geral empobrecimento das populações permitir um estado de total submissão aos "mercados", os "mercados" deixarão de reagir. Nesse dia seremos todos felizes.

1 comentário:

  1. São irascíveis,caprichosos,insaciáveis,sem rosto, quais entidades metafísicas que só falam através de pitonisas autorizadas que tem nomes e andam a toda a hora nas televisões e rádios.
    Há que dessacralizar e trazer os mercados para o domínio do profano.Bom post João.É preciso percebermos racionalmente o que são e como funcionam essa maldição sem controle que é hoje o capitalismo a devorar a vida de cada um de nós.

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