A minha Lista de blogues

sábado, outubro 16, 2010

O Grande Cerco e a Socratinização da Vida Política

1. O cerco totalitário à qualidade de vida dos portugueses atingiu o seu auge com a aprovação deste novo orçamento de Estado para 2011. Baixa de salários, aumento do IVA, subida do IRS, diminuição dos subsídios para os desempregados, diminuição das prestações sociais para os mais desfavorecidos, corte e vigilância pidesca no RSI, diminuição das deduções fiscais com bens essenciais como a saúde a a educação, aumento dos bens essenciais de consumo, subida do preço dos transportes e da energia, erosão total do processo de confiança política governamental. Como se isso não bastasse, a bestialidade da decisão política para fazer face à "crise" (poderemos chamar crise a uma mudança estrutural de difícil retrocesso?) encontra "soluções" no pagamento de impostos a vulso com estradas parecidas com autoestradas e pelas Terras de Loulé cerca-se mesmo a cidade com novas árvores artificiais em forma de parquímetros. Suspeito que a maior crise da actualidade é a crise de inteligência política.

2. Durante anos, os media, os fiéis de Sócrates, o próprio Sócrates (este foi o grande responsável pelo novo paradigma centrado na psicologização da política) e mesmo alguns dos seus adversários psicologizaram a vida política portuguesa a uma escala sem precedentes. Sócrates era o grande "reformador". Não interessava a direcção das "reformas". Sócrates era "determinado". Não interessava "determinado" a fazer o quê e ao serviço de quem ou do quê. A política tornou-se uma questão de "atitude". Não se sabia muito bem para que direcção apontava esta "atitude". Não havia então "alternativa" a Sócrates porque isto da política é coisa para "predestinados" que sabem sozinhos dos "bons" caminhos de condução da nação. Sócrates ao olhos de uma boa parte dos portugueses foi o Mourinho da política.

3. Em simultâneo com o culto do autoritarismo do pequeno ditador, instalou-se uma cultura anti-democrática que procurou transformar a crítica política num obstáculo à democracia e ao desenvolvimento sócio económico. Opiniões divergentes cairam na categoria da "maledicência" e do "negativismo". Quem ousasse colocar em causa, quer à esquerda, quer à direita do PS, as orientações de Sócrates e do seu governo mais não fazia do que entrar num discurso "bota abaixista". A salutar crítica política, essencial ao desenvolvimento e à vitalidade da democracia caiu no jugo acusatório de isso ser coisa dos "Velhos do Restelo".

4. Os sindicatos foram atacados, ridicularizados e vistos como parceiros ilegítimos. Os mais diversos grupos profissionais foram estigmatizados como "corporações de interesses" que mais não são do que um "obstáculo" ao desenvolvimento económico e social da nação. A salutar transparência e escrutínio democráticos cairam na categoria de "conspiração". As instituições políticas, jurídicas e mediática foram colocadas em causa na sua profunda credibilidade. Um poderoso aparelho de propaganda e desinformação actuou em Portugal ao serviço da manutenção do poder do aparelho socrático como não se via desde os tempos do dr. Salazar. Não deixa de ser uma ironia da história que uma boa parte dos jornalistas e opinion makers que no panorama mediático português afirmavam à boca cheia que não viam alternativa à "determinação" e ao "espírito reformista" de Sócrates sejam agora alguns dos seus mais ferozes opositores. Veja-se o que diz o Ricardo Costa de antes e o de alguns tempos a esta parte. Veja-se o que um dos grandes mentores do socialismo moderno, Pedro Adão e Silva, dizia há alguns tempos a esta parte e as lamúrias que agora passa ao papel.

5. O carneirismo acrítico do partido socialista ao longo desta temporalidade longa também não o deixa nada bem nesta estória infeliz. Felizmente, a maioria dos portugueses que sofre o impacto destas barbaridades políticas ao contrário do que se possa pensar não a vai apagar da sua memória. Infelizmente, é o nível e a qualidade vida de todo um povo e sobretudo dos mais pobres e desfavorecidos que leva um rombo monumental não recuperável nas próximas décadas. Estou tentado a afirmar que a única forma de evitarmos esta brutal regressão social é irmos já, rapidamente e em força, para doudécimos. O drama maior é a continuação do governo de Sócrates.

1 comentário:

  1. Um país com o a Islândia que segundo dizem era onde se vivia melhor no mundo, quase ruíu de um momento para o outro. Quem poderá fazer contas a curto prazo ? Quem poderá hoje dizer o que vais ser tudo isto daqui a um ano ? Só se for o Dr. Passos que em cada semana tem uma brilhante ideia para nos tirar da fossa. Fossa que os seus amigos nada têm a ver pois claro. Aqui só há uns bandidos. É como nos filmes de cavalos e vaqueiros. E anda muita gentinha delirando com estes delírios . Os Tempos mudaram ? Não ! Estão mudando e demasiado depressa para as nossas perninhas. Sumério

    ResponderEliminar