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sábado, abril 17, 2010

O País de Sócrates



Primeiro estranha-se. Depois entranha-se. O país de Sócrates atingiu um nível de conforto com os sucessivos escândalos que envolvem o ainda Primeiro Ministro Sócrates, que mais escândalo, menos escândalo, isso já não aquece, nem arrefece, a alma dos portugueses. Instalou-se o pântano e reina a indiferença.

Tivessemos por cá a brasileira Cidinha Campos e não falariamos do leite e das crianças que mamam, mas sim dos mamões que à conta do dinheiro dos contribuintes vão levar o país à bancarrota. Parece anedota, mas não é. Três administradores no âmbito do negócio Taguspark estão acusados do crime de corrupção em torno do apoio de Luís Figo a José Sócrates em vésperas das eleições ganhas pelo PS (?) de Sócrates, mas o homem que recebeu o dinheiro nada tem que ver com o assunto e o principal beneficiário (como sempre) continua imaculado na sua virgindade. Para quem domina o labirinto Kafkiano das teias da justiça tudo isto pode fazer algum sentido. Para o comum dos observadores, que nada percebe de leis, mas que tem um sentido apurado de justiça, isso não faz sentido nenhum. O pântano do sistema judicial atola-se em simultâneo com o pântano político em que o país se atolou.

Primeiro estranha-se. Depois entranha-se. A seguir instala-se a indiferença e já nada importa independentemente do que vier a acontecer. Cavaco e Silva está concerteza preocupado com as cinzas vulcânicas que o incomodam do regresso de Praga e Jorge Sampaio deve ter recalcado nas profundezas do inconsciente os motivos pelos quais destítuiu Santana Lopes.

Hoje já é difícil refazer a lista dos casos que levantam suspeição sobre José Sócrates. Como o próprio aconselha. Era bom que os jornais nacionais fossem investigar a sua infância. Que raio importa uma licenciatura terminada a um Domingo? Domingo não faz parte dos sete dias da semana? Que raio importa usar o título de engenheiro, quando se é apenas licenciado em engenharia? Não vale isso tudo a mesma coisa? Que raio importa aprovar uma dezenas de magnificos projectos de engenharia civil na Guarda quando se exerce a função de deputado nacional? Mas isso por acaso faz escassear a papa maizena de que todos dependemos para desenvolver o país?

Mas que raio importa que o Freeport tenha sido plantado em pleno estuário do Tejo a escassas horas do fim de um governo em que se vai desocupar o cargo de Ministro do Ambiente? Isso não se faz um pouco por todo o lado? Mas que raio importa que se utilizem capitais públicos para controlar empresas privadas de comunicação social? Não é isso uma das boas práticas na democracia Venezuelana?

Que importa se o ajuste directo beneficia empresas privadas na usurpação de capitais públicos? Não é tudo isso apenas uma bela forma de racionalizar as boas práticas de gestão? Porquê tanto barulho na compra do apoio do Luís Figo, com dinheiros públicos para que Sócrates ganhe eleições? Figo não disse que temos que votar em Sócrates porque este é honesto, trabalhador e enérgico?

E é assim, de triste "caso" em triste "caso" que o país já fala de bancarrota. E é assim, que a "verdade" deixou de se distinguir da "mentira" e que aconteça o que acontecer, já nada importa que aconteça. Um dia, "isto" vai dar para o torto e nesse mesmo dia, constataremos, que o monopólio da indignação, estava do lado errado da estória. Nesse dia vamos todos dizer em voz alta"manso é a tua tia!". Mas nesse mesmo dia, o leite que sobrar, do leite que foi roubado às crianças, pode já não ser suficiente para assegurar a nossa sobrevivência.

1 comentário:

  1. O que importa nos dias de hoje é ser corrupto e fazer conluio aqui e ali, ser sério não vale. A mediocridade passa a ser pelos vistos algo que enaltece e incha o peito, mas cuidado que isso não é saudável e mais tarde ou mais cedo a bolha rebenta sempre.

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