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segunda-feira, março 29, 2010

Exposição Sobre o Abate de Árvores no Concelho de Loulé

27 de Março de 2010

Presidente da República recebe Manifesto contra Abate de Árvores em Loulé



27 de Março de 2010. Presidente da República, Aníbal Cavaco e Silva, recebe o manifesto contra o abate de árvores em Loulé das mãos do Presidente da Associação Árvores de Portugal, dr. Pedro Santos. Aqui vos deixo o manifesto redigido.

“Exmo. Sr. Pre­si­dente da Repú­blica
Exmo. Sr. Pre­si­dente da Câmara Muni­ci­pal de Loulé
Exmo. Sr. Pre­si­dente da Assem­bleia Muni­ci­pal de Loulé
Exmos. cida­dãos da Cidade de Loulé

O movi­mento de cida­dãos de Loulé pelas árvo­res do Con­ce­lho, do qual fazem parte auto­res de diver­sos blo­gues e a Asso­ci­a­ção Árvo­res de Por­tu­gal, apela à sen­si­bi­li­dade de Vos­sas Exce­lên­cias para os pro­ble­mas paten­tes neste mani­festo conjunto.

As árvo­res fazem parte da vida das cida­des. Estão vivas e criam vida à sua volta. Guar­dam his­tó­rias e criam memórias.

É tam­bém certo que há quem as des­preze. Seja por­que as folhas ento­pem as sar­je­tas, por­que sujam os pas­seios, por­que tapam as vis­tas, por­que ser­vem de abrigo aos pás­sa­ros que nos sujam o carro, por­que isto e por­que aquilo. O ódio à árvore chega ao ponto de criar mitos como o de serem as árvo­res as prin­ci­pais res­pon­sá­veis pelas nos­sas aler­gias, logo elas que eli­mi­nam mui­tos dos polu­en­tes em sus­pen­são no ar e pro­du­zem o oxi­gé­nio que res­pi­ra­mos, enquanto fixam o polu­ente dió­xido de carbono.

A uma câmara pede-se que tenha vis­tas lar­gas e que per­ceba e res­peite a impor­tân­cia das árvo­res em meio urbano. Os nos­sos ante­pas­sa­dos plan­ta­ram as árvo­res à som­bra das quais des­can­sa­mos hoje. Foi esse o seu legado para o futuro. É esse patri­mó­nio, parte da nossa iden­ti­dade regi­o­nal e naci­o­nal, que que­re­mos ver defen­dido no presente.

Vendo esse patri­mó­nio peri­gar a passo ace­le­rado, ape­la­mos a que a Câmara Muni­ci­pal de Loulé (CML) torne públi­cos os rela­tó­rios téc­ni­cos que sus­ten­tam a deci­são de pro­ce­der aos aba­tes de árvo­res que têm ocor­rido, de forma recor­rente, nos últi­mos anos, no con­ce­lho. Dado todo o secre­tismo de que estes aba­tes se têm reves­tido, é justo que os cida­dãos de Loulé se ques­ti­o­nem sobre o con­teúdo des­tes rela­tó­rios que, supos­ta­mente, sus­ten­tam algu­mas inter­ven­ções recen­tes, como o corte de árvo­res na Ave­nida José da Costa Mea­lha, em algu­mas arté­rias de Quar­teira ou a desas­trosa rola­gem da arau­cá­ria situ­ada nos claus­tros do Con­vento do Espí­rito Santo, espé­cime monu­men­tal que mar­cava e defi­nia o per­fil da cidade.

Se esses estu­dos exis­tem, e são tec­ni­ca­mente ina­ta­cá­veis, não seria do pró­prio inte­resse da CML, torná-los públi­cos, con­tri­buindo para a dis­si­pa­ção de qual­quer dúvida sobre as inten­ções por detrás des­tas inter­ven­ções da autar­quia? O que receia a Câmara de Loulé?

Mais bizarro é todo o pro­cesso que con­du­ziu ao abate de 16 tílias com cerca de 60 anos, na Praça da Repú­blica. Sendo certo que uma empresa de arbo­ri­cul­tura ates­tou a neces­si­dade de aba­ter 12 des­ses exem­pla­res, cabe aos cida­dãos de Loulé per­gun­tar ao seu Presidente:

a) Tendo os deci­so­res polí­ti­cos conhe­ci­mento deste pare­cer téc­nico, por que motivo não escla­re­ce­ram as pes­soas e as pre­pa­ra­ram para este des­fe­cho, a bem da sua segu­rança?
b) Quais os moti­vos téc­ni­cos que leva­ram a não se optar por um abate fase­ado e que per­mi­tisse sal­var 4 das tílias que, do refe­rido rela­tó­rio, se infere não repre­sen­ta­rem perigo para os tran­seun­tes
e seus bens?
c) Pelo con­trá­rio, por que motivo se sone­gou toda esta infor­ma­ção e se pro­ce­deu a uma inter­ven­ção apres­sada, aba­tendo todos os exem­pla­res em 36 horas, com o supremo mau gosto de ter coin­ci­dido com as cele­bra­ções do Dia da Árvore? Acaso a autar­quia tem os seus muní­ci­pes em tão baixa con­si­de­ra­ção que os jul­gava inca­pa­zes de não se indig­na­rem com o desa­pa­re­ci­mento des­tas árvo­res, sem qual­quer explicação?

Mui­tas ques­tões e pou­cas ou nenhu­mas expli­ca­ções. Basta! As pes­soas que­rem ser ouvi­das e que as suas opi­niões e sen­ti­men­tos, face à cidade que amam, sejam con­si­de­ra­das por quem governa os des­ti­nos do concelho.

Se é tarde para cor­ri­gir os erros do pas­sado, ainda vamos a tempo de evi­tar a sua repe­ti­ção no futuro. Loulé e os lou­le­ta­nos exi­gem saber se ama­nhã, ao acor­da­rem, as suas árvo­res ainda esta­rão de pé ou se cai­rão, ao som de uma motos­serra, víti­mas de um pecado que nunca che­ga­rão a conhecer.

Por último, con­vém relem­brar a Câmara Muni­ci­pal de Loulé que todos os dias são o Dia da Árvore e que de nada serve, em ter­mos de edu­ca­ção ambi­en­tal, plan­tar uma árvore a 21 de Março se, nos res­tan­tes dias, se des­trói em minu­tos o que levou deze­nas de anos a crescer.

Seria ainda inte­res­sante se esta edi­li­dade se tor­nasse, com a ajuda e cola­bo­ra­ção dos seus muní­ci­pes, num exem­plo naci­o­nal daquilo que é obri­ga­tó­rio fazer ao nível das autar­quias para pro­mo­ver e pre­ser­var os arvo­re­dos das nos­sas cida­des, con­di­ção impres­cin­dí­vel para a saúde e bem-estar das popu­la­ções que nelas habi­tam e patri­mó­nio que deverá ser legado aos que, no futuro, irão jul­gar os nos­sos actos segundo aquilo que tiver­mos a capa­ci­dade e inte­li­gên­cia de lhes deixar.

Com os res­pei­to­sos cum­pri­men­tos dos abaixo assi­na­dos.
Loulé, 27 Março 2010

Antó­nio Almeida, pro­fes­sor, Blo­gue “seBas­tião“
Hél­der Rai­mundo, pro­fes­sor, Blo­gue “Contra>senso“
João Mar­tins, pro­fes­sor, Blo­gue “Movi­mento Apar­ti­dá­rio da Cidade de Loulé“
Manuel Costa, Enge­nheiro Agró­nomo
Miguel Rodri­gues, pro­fes­sor, Blo­gue “Árvo­res Monu­men­tais do Algarve e Baixo Alen­tejo” e
Asso­ci­a­ção Árvo­res de Por­tu­gal
Pedro San­tos, pro­fes­sor, Blo­gue “A Som­bra Verde” e Asso­ci­a­ção Árvo­res de Portugal.


Ps: A foto em cima foi copiada do blogue Louletania.

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