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sábado, fevereiro 20, 2010

Conivências, Cumplicidades e Anestésicos

Pacheco Pareira escreve no seu blogue sobre a conivência de uma boa parte dos jornalistas com a situação gerada pelo governo de Sócrates no controlo sobre os meios de comunicação social. Não poderia estar mais de acordo. Por cá, pelo concelho de Al-‘Ulyã e arredores, tem sido deplorável o silêncio editorial de uma boa parte dos jornais e dos jornalistas da nossa praça, face ao maior ataque desde a revolução de Abril, à autonomia relativa do campo jornalistico. Sinal de conivências e de um jornalismo que tem muito que caminhar face às suas múltiplas dependências.

Mas as dependências, as conivências, as cumplicidades e os anestésicos de que vos quero voltar a falar são aqueles que se encontram no interior do partido socialista. O silêncio de uma boa parte daqueles que participaram na revolução de Abril é intolerável. Os "boys" que fizeram carreira nas juventudes partidárias, completamente desideologizados, e à espera da "sua vez" nos lugares do poder, sendo já de si lamentável este seu comportamento, ainda se poderia compreender a sua fidelidade incondicional. A sua estrutura e consciência política não lhes permite mais sonhos do que este simples pragmatismo na luta pelo seu status social. Mas de todos aqueles que sempre falaram em nome da liberdade, esperava-se muito mais. O seu silêncio é aterrador.

Estou a ler "O livro negro do comunismo". É fascinante perceber como perante o assassínio institucionalizado em massa, a crença ideológica e a loucura pela manutenção e conquista do poder silenciam todos aqueles que se esforçam para não ver o que é óbvio, pois são parte interessada na estória. De resto, o crime contra a humanidade que foi Auschwitz-Birkenau, para além de ter sido cometido por uma boa parte da inteligência de topo da altura, só foi possível com a conivência e o silêncio quase generalizado do povo alemão. É claro que estes são dois exemplos que não são comparáveis no seu horror e terror com o que está por cá a acontecer com a liberdade de imprensa. Mas não deixa de ser comparável na cegueira colectiva no interior do partido socialista. Honre-se as pouquíssimas excepções. Quando o partido socialista acordar deste pesadelo, vamos ver aquilo que resta. A situação presente não augura nada de bom para o futuro.

PS: Ver aqui o texto de Pacheco Pereira sobre o comportamento dos jornalistas: http://abrupto.blogspot.com/

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