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quarta-feira, dezembro 30, 2009

Apontamentos de Fim de Ano

1. O pior do ano à escala internacional: Cimeira de Copenhaga. A fazermos fé na maior parte da comunidade científica que estuda o fenómeno das alterações climáticas, a Cimeira de Copenhaga foi um desastre total. Depois de nobelizado em 2007, o Painel Internacional Sobre Alterações Climáticas vê a política desprezar por completo as suas conclusões científicas. Crente como sou de que uma comunidade científica não entra certamente no jogo das "cabalas" só posso concluir que o topo do poder à escala mundial cometeu o crime do milénio.

2. O melhor do ano à escala internacional: Obama. Sendo um dos principais responsáveis pelo crime contra a humanidade que significa o falhanço de Copenhaga, Obama deslocou a política de Bush do "hardpower" para o "softpower". Mudou o discurso e o clima "aterrador". Não é pouco. A reforma da saúde em curso no país onde não há socialismo é um dos factos fundamentais do ano. Sinal de que querer é poder. De toda a forma não é possível reconhecer o fenómeno Obama sem ter conhecido o fenómeno Bush.

3. O pior do ano à escala nacional: Vitória de José Sócrates com minoria relativa. O que podia ser um móbil para acordos, negociações, cedências, equilíbrios, respeito mútuo e valorização da Assembleia da República, tornou-se num campo de batalha e de luta pela mera sobrevivência pelo poder. Um pântano.


4. O melhor do ano à escala nacional: Derrota de Sócrates pondo termo à maioria absoluta. A arrogância de um mandato que não necessitava de arrogância alguma para se legitimar, foi um tiro certeiro no pé. Depois de decretados como inimigos a abater; professores, sindicatos, médicos, polícias, agentes judiciais e depois de algumas construções imaginárias de irresponsáveis "cabalas" e "conspirações", as Instituições Públicas e Políticas perderam ainda mais o seu crédito. Nunca tão poucos fizeram tanto mal às instituições do Estado. A liberdade de imprensa baixou uns pontos no ranking internacional.

5. O pior do ano à escala local: Colagem do poder local a determinados interesses económico-sociais locais. A Comissão Europeia acaba de "avisar" o Estado Português sobre "incorrecções" no projecto Quinta da Ombria. O poder local instalado, depois de oito anos de poder e de um acréscimo de legitimidade dado pelo mandato popular nas últimas eleições já se supõe divino. O boletim das "Obras" pago com o dinheiro dos contribuintes em véspera de eleições foi um sinal claro de que a lógica do poder se sobrepõe de sobremaneira à lógica democrática.

6. Melhor do ano à escala local: Oposição do Bloco de Esquerda no Concelho de Loulé e intervenção da Associação Almargem. Vale a pena passar pelo blogue do Bloco de Esquerda Loulé para perceber como um deputado eleito para a Assembleia Municipal, concerteza bem apoiado por mais algumas poucas almas competentes pode fazer toda a diferença. Pena serem tão poucos. A Almargem, sobretudo pela voz do Luís Brás, fez juz aquilo a que se propõe uma organização deste tipo. A defesa do desenvolvimento verdadeiramente sustentável.

7. Acontecimentos do ano em termos pessoais: Contribuir para o crescimento da natalidade e dar um passo atrás para poder dar dois em frente. Risco, incerteza, caos, descontinuidades e incoerências são aquilo que caracteriza o labirinto da vida de cada um de nós. Por muito que brademos legitimamente por segurança. Até para o ano. Os que andarem ainda por cá.

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