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domingo, novembro 22, 2009

A Itália de Berlusconi

Estive duas vezes em Itália nos últimos dez anos. Primeiro em Roma e uns anos mais tarde, em Veneza. Logo ali, da primeira vez, no final da estadia, jurei nunca mais lá voltar. Um património histórico riquíssimo, uma gastronomia fabulosa, um património musical maravilhoso, mas depois existem as pessoas. Não quero cair no estereótipo muito frequente de atribuir características essenciais aos povos. Segundo esta lógica infeliz, os alemães seriam "frios", os portugueses um povo de "brandos costumes", de Espanha "nem bom vento nem bom casamento", os ingleses seriam uns "sobranceiros" e os italianos uns bons "machos latinos". Não, não vou por aí, mas no centro de Roma encontrei um padrão. E esse era um padrão "rude", "agressivo" e de "indiferença" máxima face aos outros desconhecidos. Inevitável não me lembrar da herança histórica fascista que marcou recentemente o povo Italiano e das marcas que a história sempre deixa em cada um de nós. Várias vezes me veio à mente a obra de Adorno "A personalidade autoritária". Várias vezes em Roma, me ocorreu a ideia de que as razões que levam os turistas a Roma não obedecem a sazonalidades à maneira algarvia. De alguma maneira eles não precisam de ser simpáticos. Senti sempre, quer em Roma, quer em Veneza, a presença de um Estado forte, policial, autoritário, agressivo. E isso sentia-se no comportamento diário das pessoas. Esta semana li num jornal português que algumas das principais localidades de Itália definiram o número de ciganos "aceitável" e permitidos no interior dos seus territórios. A bela Itália, e como ela é magnífica, na era de Berlusconi, deriva perigosamente para novas formas de racismo institucional. E os italianos votaram por três vezes em Berlusconi. Depois não nos venham dizer que andavam distraídos. Há qualquer coisa de adesão "massiva" a estas novas lógicas.

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