A minha Lista de blogues

sábado, agosto 15, 2009

Sobre crianças e infantários: Filho de desempregado não entra

Ficou célebre na cidade de Loulé, numa muito apetecível instituição (apetecível pela pequena burguesia de província) de guarda de crianças, o caso de uma senhora que estando desempregada, não lhe foi aceite o seu filho, justificado por esse mesmo facto, o estar desempregada. O círculo vicioso da discriminação e da ausência mínima de sensibilidade social funciona mesmo assim e parece estar a crescer em Portugal. Se está desempregada é porque pode cuidar do seu filho em casa. Se pode cuidar do seu filho em casa é porque pode ficar desempregada. Acabo de ler a página 18 do Expresso deste fim de semana. O título do artigo diz explicitamente que as "listas de espera intermináveis obrigam instituições sem fins lucrativos a dar prioridade a quem tem emprego". As creches fecham as portas a filhos de desempregados. Diz a responsável de uma instituição de acolhimento de crianças que "é muito doloroso fazer uma escolha, mas temos que dar prioridade a quem tem trabalho e não tem com quem deixar os filhos". Sei também de fonte segura que a mesma senhora que há poucos anos atrás, lhe foi negada a entrada do seu rebento, pelo motivo de estar desempregada, esteve este ano perto de uma semana na rua, à porta da cheche, ao frio, à chuva, e com noites mal dormidas, para ser primeira da fila de espera. Sei ainda que o seu novo rebento voltou a não entrar. Agora não está desempregada. Frequenta um curso EFA. Às vezes tenho vergonha do meu país.

4 comentários:

  1. De facto João, é muito triste esta realidade que aqui apresentas através deste post.

    Pessoalmente, muito recentemente, pude constatar in loco, tudo o que aqui é referido. Várias pessoas que estiveram juntamente comigo, a "acampar" às portas de uma instituição do concelho para poder almejar um lugar para os seus filhos, correm fortemente o risco de serem excluídas pelo simples facto de se encontrar em situação de desemprego.

    Em matéria de Estado Social, muito (mas mesmo muito) há para repensar!

    O dito argumento de se excluir alguém na condição de desempregado porque "Se está desempregada é porque pode cuidar do seu filho em casa" é de uma pobreza intelectual e ética a todos os níveis aberrante.

    É o perfeito argumento que comprova (dentro da respectiva linha de pensamento)que o Ser Humano vale - enquanto Ser Vivo -, essencialmente por aquilo que tem e produz e não tanto por aquilo que ele é e é capaz!

    Tudo isto mais não são do que, sinais de uma sociedade doente, anestesiada e pouco solidária, onde o TER canibalizou o SER.

    Abraço amigo

    ResponderEliminar
  2. Meu caro João:

    Lá me "obriga" você a plagiá-lo de novo!!!
    Cumprimentos

    L.A.

    ResponderEliminar
  3. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderEliminar
  4. Caro Lourenço,

    Disponha sempre.

    Abraço
    João Martins

    ResponderEliminar