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terça-feira, julho 14, 2009

Excertos De Uma Entrevista

Manuel Villaverde Cabral no "i"

Como é que um intelectual de esquerda, historiador, sociólogo e bom observador da política, viu o que saiu das eleições europeias? Um mero sobressalto, um forte abalo, o fim de um ciclo?

Um pouco de tudo isso. O falhanço objectivo das tentativas do PS e do eng. Sócrates para introduzir reformas agravou a governabilidade do país. E o efeito de feedback negativo desse falhanço - seguramente agravado pela crise mundial, já que sem ela alguns resultados poderiam ter sido obtidos - veio dificultar a governabilidade. Estamos condenados, em Outubro, a não termos um governo com hegemonia.

Sublinha então o falhanço das reformas?

Sublinho.

Mais que a soma de algumas trapalhadas?

Tudo isso ajuda, sim. Mas se as reformas tivessem sido mais inteligentes, melhor orientadas, não necessitariam daquele autoritarismo de pacotilha que no fim não ajudou - embora parecesse ao princípio que ajudava. Se tudo tivesse sido mais discutido, mais participado - e o caso dos professores é absolutamente manifesto...

E mais à frente...

E se ele ficar à frente nas eleições?

Enquanto não for removido, o eng. Sócrates é hoje parte integral do problema da governabilidade portuguesa. E só pode sê-lo por dentro, pelo próprio Partido Socialista.

Se ganhar, ninguém obviamente o removerá. Ou já nem sequer considera que ele ganhe?

Se ganhar, nem que seja por um voto, estamos muito, muito mal. Espero que isso não aconteça. Por mim, há muitos anos que não voto no PS! É ele o responsável principal por esta situação e numa distribuição equitativa entre PS e PSD, acho que o responsável pela situação em que Portugal se encontra hoje é no mínimo 51%, o PS: mais corrupto e mais incompetente como partido do que o PSD. E como eu considero que o outro lado da nossa ingovernabilidade são a corrupção e a incompetência sistémicas dos dois partidos - até por causa do rotativismo que lhes permite passarem as culpas um para o outro - tenho pensado, e até apelado a uma intervenção maior do Presidente da República. Dentro da Constituição, com certeza. Como? Chamando os partidos...

E mais abaixo...

Que seria concretamente refazer o PSD?

Não sou um homem de partido - no que sou acompanhado por 95% dos portugueses! - e quero é que eles se danem pelo que nos têm tramado. Pode publicar isto...

E a terminar...

E você, para além de tudo isto? É vice-reitor da Universidade de Lisboa, investiga, escreve, publica, comenta. E que mais?

Neste momento estou um bocado preocupado com isso. Tenho muitas solicitações, o que é bom e lisonjeiro, mas acabei por ficar sem tempo para "não fazer nada", que é uma coisa essencial não só para uma vida com prazer, mas até para reflectir melhor!

Pode ler toda entrevista aqui: http://www.ionline.pt/conteudo/12583-manuel-villaverde-cabral-se-ha-alguem-pensar-portugal-e-cavaco

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