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terça-feira, junho 02, 2009

Compatibilizar o interesse nacional com o interesse da UE

O debate sobre a União Europeia tem sido permanentemente enviezado pela disputa partidária. Com excepção dos pequenos partidos, alguns com excelente nível de reflexividade sobre as questões europeias, os partidos do pastoso centrão pouco tem feito para debater a Europa.

O PSD de Paulo Rangel e Manuela Ferreira Leite querem à força defender os interesses nacionais dos portugueses e o PS de Sócrates, Vitalino e Vital não querem simplesmente discutir nem a Europa, nem a política nacional, dependente da política europeia. Slogans como Nós Europeus, ou Pelo Interesse Nacional Eu Assino Por Baixo, ou ainda o egocentrismo exarcebado que diz que A Europa é Vital, revelam o nível a que a política chegou, na era do consumo mediático. Frases das mais curtas possíveis, redutoras e de mínima significação e que em nada estimulem o pensamento sobre qualquer ideia de Europa são as frases emblemáticas da campanha. O idiota feliz é o eleitor a quem preferencialmente se dirigem os partidos.

O início da campanha foi delirante e absurdo, com a tentativa do partido que se diz socialista "impedir" as discussões dos temas nacionais a pretexto de que as eleições são europeias e com o PSD a levar a discussão para as questões ditas nacionais pois é nesse terreno que a discussão eleitoralmente lhe convinha.

Acontece que na aldeia global em que vivemos, os Estados-Nação são demasiado grandes para resolver os pequenos problemas das pessoas e ao mesmo tempo demasiado pequenos, para resolver os grandes problemas da humanidade e que afectam a nossa vida de cada dia. Os problemas globais são hoje intrinsecamente locais e os problemas globais não têm possível solução sem a mobilização do local.

Problemas como as alterações climáticas. O desemprego estrutural de massas. A concorrência económica e a crise global. As migrações em larga escala. A pobreza. A guerra e as crescentes desigualdades sociais, entre muito outros, que afectam o quotidiano de vida dos cidadãos em cada localidade do planeta desde que estes se levantam até à hora do deitar, só podem ser resolvidos com a articulação dos níveis local, regional, nacional, internacional e planetário.

De nada serve o Protocolo de Quioto, concertado à escala global por dezenas de países, se depois a Maria das Bananas e o Manuel da Baracinha na freguesia de São Sebastião não quiserem saber das alterações climáticas no seu dia a dia e continuarem a acelerar os seus magnificos automóveis.

Daí, a importância da União Europeia e a necessidade de ultrapassar a falsa dicotomia do pensamento comum na política portuguesa entre "interesses nacionais" e "interesses europeus". A grande questão, a meu ver, é saber como conciliar os interesses de cada Estado Nacional com os interesses gerais da União Europeia. Sabendo nós, europeus, que se os interesses da União Europeia se orientarem pelos valores da democracia, da justiça social, do emprego, da defesa dos trabalhadores europeus, da redução das desigualdades sociais, do defesa do ambiente e da qualidade de vida, certamente que cada estado nacional ficará a ganhar com isso. É pois preciso reconhecer que a UE é um espaço de extrema diversidade cultural, com países de diferentes níveis de desenvolvimento, onde imperam diferentes interesses, poderes e ideologias e que é através da construção do interesse colectivo a partir do recohecimento desta diversidade que se poderá construir uma Europa mais justa.

No blogue SSebastião, aqui mesmo, em Loulé, no Algarve, em Portugal, na Europa e no Planeta Terra, neste ponto do infinito da nossa Galáxia, António Almeida, o independente eleito na freguesia pelo partido socialista, apela ao voto em Jamila Madeira, por ser esta uma candidata "nossa" e isso seria o motivo que deveria levar os louletanos a votar no PS. Para além de ser publicidade enganosa, pois é preciso dizê-lo claramente que nenhum deputado Europeu vai defender os interesses do Algarve e muito menos de Loulé, pelo facto de ser Louletano, este racíocinio está ao nível do que de pior tem feito o PS de Sócrates. O Tratado de Lisboa é bom porque é de Lisboa. Devemos votar em Durão Barroso porque é um porreiro Português e agora, em Loulé, votar em Jamila Madeira porque é um produto tradicional louletano. É a morte da política.

Post scriptum: Esta crítica construtiva não impede o meu reconhecimento do excelente trabalho de cidadania que tem sido levado a cabo por António Almeida no blogue Ssebastião.

Ver aqui: http://ssebastiao.wordpress.com/




4 comentários:

  1. Muito bem! Puxei bem fundo pelos argumentos do João e aceito mesmo a metáfora da pequenez... sou mesmo assim, acredito na bondade das pessoas, até porque se não acreditar, terei que desistir de pensar que a política ajuda a organizar as sociedades!
    Também senti muitas vezes essa vontade de "bater com a porta" e ficar na "bancada" a assistir aguardando a derrocada advinhada. Mas, nunca na História os ódios produziram soluções pacíficas, justas e duradoiras. A vingança pode estar na moda mas não me satisfaz em si mesma.
    Vou colocar o parágrafo final no "sebastião" por ser interessante para a discussão.

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  2. Não há aqui nenhuma metáfora da pequenez. Apenas um apelo para se discutir política. E o caro Almeida que tão bem o tem feito cai no pior daquilo que estamos todos fartos. Eu percebo. É dificíl quando navegamos em estruturas poderosas fugirmos da onda. Aqui não há vinganças, nem ódios. Há um caminho que se faz de reflexão sobre o que se vê, ouve e vive e que ajuda a compreender que é o caro Almeida que está do lado errado da História. Eu quando morrer, quero fazê-lo de consciência tranquila e dizer aos meus botões de que estive do lado certo da História. É apenas e só isso que me move. Infelizmente esse argumento do "ódio" já o ouvi de um ilustre importante que gerem
    o partido da sua simpatia. É um argumento muito pouco democrático. Mas é precisamente por não perceberem isso é que o vosso mundo (o mundo do PS actual) está a desabar!

    Cumprimentos com muita consideração.
    João Martins

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  3. O Almeida.... Pois, quando percebeu que o PS queria encontrar um candidato para S. Sebastião entrou em parafuso. Dar graxa é especialidade de portuga e Almeida tem o problema de quase todos nós: julga-se «maior» do que realmente é...
    Vi aí num comentário qualquer dele que... se o PS de Loulé fizesse não me lembro bem o quê... ele se recusaria a integrar as listas PS!
    É ou não o maior?
    Fala mal do presidente da Junta de S. Sebastião... mas nunca lhe hádde chagar aos calcanhares.
    A coerência é isso: votem neste, que é cá da terra!
    Já agora: porque não votar no Bota que é cá da terra?
    É a morte da política, claro, Sr. João Martins.

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  4. Não vou votar tenho de ir trabalhar e era bom que esses srs fizessem o mesmo, com tanta coisa por fazer andam para aí atrás do voto ( dos direitos ) de cada um para se encherem.
    A miuda está bem, não vai para a europa pode ser que algum desista entretanto e ela sobe na lista, senão tem lugar lá no parlamento em Lisboa como muitos papudos ou serão papistas.

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