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sábado, junho 06, 2009

Calimero e a Europa

A Europa como pretexto

"Esta campanha eleitoral foi uma grande decepção. Os temas importantes e os impasses em que se encontra o projecto da UE não foram tocados. A política é por definição hipócrita e os candidatos, porque não podem deixar de tentar captar votos seja como for, são “obrigados” e deixar-se levar na onda. Para além dos tópicos efectivamente europeus ficarem de lado, as poucas referências que lhes foram feitas serviram apenas como notas de fundo, abafadas entre a gritaria da guerra de palavras caseira. Mas a maior decepção deverá acontecer amanhã, caso se confirmem as tendências de um novo recorde nos níveis de abstenção. Ou melhor: esse é um cenário muito provável, já esperado e, portanto, não será bem uma decepção. A Europa está longe, dizem uns. A Europa é dos ricos pensam outros. A Europa só é boa para nos transferir fundos e suportar os nossos gastos e investimentos mal aproveitados.
Porém, por detrás de todos os egoísmos e da grande ignorância que nos cerca, está subjacente uma inteligência colectiva e semi-consciente entre os cerca de 60% que amanhã ficarão em casa (para a praia não devem ir, mas se calhar nem mesmo a chuva vai salvar isto...). É aquela voz, ou aquele pressentimento, que se exprime nesta indiferença ostensiva perante o acto de ir votar. Representa a reiterada desconfiança (ou a surdez voluntária) em relação às boas palavras dos que apenas ambicionam perpetuar-se nos seus cargos à custa do Zé (povinho). As palavras lindas dos tecnocratas de Bruxelas que não se cansam de nos “demonstrar” o quanto trabalham por nós para vencer a crise, para promover o progresso e o bem-estar, para aplicar rigorosamente os seus magníficos programas para salvar a banca, para travar o desemprego, para avançar com o processo de Bolonha nas universidades, para reformar o Estado, para recuperar o tratado de Lisboa, etc., etc.
Por seu lado o PS de Sócrates dá largas à sua vocação de vítima: «nós combatemos a crise, os outros combatem-nos a nós!». Olha que frase fantástica que se lembraram de pôr nos cartazes da última semana de campanha! Quase nos põe a chorar (sobretudo àqueles que fielmente lá vão “botando” o votinho em quem nos mandam: o sr. Primeiro ministro é tão bem parecido, valha-me Deuszz). O Calimero rejeitado e que ninguém compreende. Quem serão estes “outros”, serão todos (toda a oposição pelo menos)? Todos contra nós! Mas nós, salvamos o povo da crise. Muito bem. Veremos depois-de-amanhã, ou talvez lá para Outubro..., quem irá salvar o PS?"


Elísio Estanque in blogue Boa Sociedade

Ver aqui http://boasociedade.blogspot.com/

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