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domingo, maio 03, 2009

Por uma imprensa livre

Hoje, para além de ser Dia da Mãe, assinala-se o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa. E os dados avançados pelo relatório anual da Freedom House não são nada tranquilizadores. Apenas 17 por cento dos habitantes do mundo beneficiam de uma imprensa livre. A liberdade de imprensa à escala planetária desceu pelo sétimo ano consecutivo e está ameaçada pela crise económica à escala global. É também a primeira vez que os indicadores relativos à liberdade de imprensa desceram em todas as regiões do nosso planeta.

São sintomáticas as palavras do director executivo da Freedom House, Jennifer Windsor: "A profissão de jornalista está encostada à parede e a lutar para sobreviver, à medida que as pressões dos governos, de outros actores poderosos e da crise económica global avançam". É importante destacar o caso particular da Itália de Berlusconi. De país "livre", a Itália passou a país "parcialmente livre". O recurso crescente aos tribunais para limitar a liberdade de expressão e a intimidação de jornalistas pelo crime organizado e por grupos de extrema direita são citados como factores responsáveis por esta diminuição das liberdades.

Para além da perseguição aos jornalistas, um pouco por todo o mundo, quer sobre a forma de assassinato, quer sobre a forma de prisão, despedimento, não renovação de contratos de trabalho ou outros tipos de ameaças bem conhecidas de todos nós, surge no novo milénio um dado novo da "mordaça" à liberdade de imprensa e de expressão. Os blogers passaram a fazer parte da lista das perseguições, o que, como escreve hoje e bem o jornalista Nuno Pacheco no jornal Público "torna óbvio que os ataques à liberdade de imprensa, visam em primeiro lugar, a liberdade de expressão de todos os cidadãos".

Num total de 70 países classificados como "livres" Portugal aparece em 18º lugar, sendo a Islândia considerada o país mais livre. Mas que isto não nos sirva de adormecimento. A actuação nesta matéria do actual governo de José Sócrates não nos pode deixar de forma alguma tranquilos. Foram blogers a contas com a justiça de que o exemplo paradigmático foi o blogue Portugal Profundo de António Balbino Caldeira. Foram jornalistas dos principais jornais e estações de TV. Foi uma apresentadora de topo dos telejornais. Foi um director de uma das principais estações televisivas. Foram directores dos principais jornais nacionais. Foram nove jornalistas só de uma assentada nos últimos meses. Foram intimidações em directo na televisão pública. É um controlo subtil desta última, de uma forma que só os estudiosos mais atentos ou quem acompanha ao pormenor estas questões consegue captar (ver o que tem escrito sobre este assunto Pacheco Pereira no seu blogue ou o crítico de televisão Eduardo Cintra Torres). É uma vontade férrea e permanente de abafar a crítica ao governo que de tão forte é também indisfarçável. É a judicialização do jornalismo numa escala nunca vista em 35 anos de democracia no nosso país.

Por tudo isto não podemos ficar tranquilos em Portugal. No dia da Mãe e da Mãe de todas as liberdades vale a pena recordar as palavras de Thomaz Jefferson: “Entre governo sem imprensa e imprensa sem governo, prefiro a última alternativa”.

Sobre este assunto ver aqui: http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1378206&idCanal=11

1 comentário:

  1. Bela defesa da liberdade da mais nobre partilha: a Informação!

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