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sexta-feira, janeiro 09, 2009

Loulé 2009: Do Desperdício Energético

Loulé, 9 de Janeiro de 2oo9

Três dias depois do Dia de Reis ainda as luzes de Natal brilham nas ruas de Loulé

Buraco energético

"Portugal anda em maré de cartões vermelhos. Embora só se fale no do buraco orçamental, há outro mais assustador que não tem sido referido: o buraco energético. É que Portugal conseguiu a proeza de ser o país europeu com menor crescimento do PIB para maior gasto de energia. Ganhámos pois o Óscar do desperdício. A Agência Europeia do Ambiente revela-o no seu último relatório, onde fica o alerta para as consequências futuras desta situação. E esta situação significa, para já, um aumento exponencial da poluição atmosférica, com consequências visíveis nas emissões de partículas, concentrações de ozono e seus impactos na saúde pública. Mas significa, também, que neste país a irracionalidade energética é tal que equivale à da utilização de uma caixa de fósforos inteira de cada vez que se acende um bico de fogão. A médio prazo esta insanidade traduzir-se-á em pesadas multas europeias e mundiais. É que a UE, à qual, lembre-se pertencemos, já decidiu fazer cumprir as metas de Quioto. Quer os EUA as subscrevam também, ou não. A ineficiência do sistema energético português vai dar direitinha ao buraço orçamental, via baixa produtividade e via multas. A energia é uma espécie de argola de união entre economia e ambiente. Se a economia portuguesa sofrer, o ambiente piora e fará, por sua vez, piorar a economia. Se o ambiente em Portugal for protegido, ele fará melhorar a economia portuguesa e esta fará equilibrar as contas públicas. Parece enervante o simplismo desta frase. Mas os factos estão à vista. Foi o analfabetismo ambiental da cultura dos decisores políticos e dos nossos gestores que fez com que chegássemos à situação dramaticamente caricata de ter ao mesmo tempo uma produtividade do século XIX com uma ineficiência energética recorde no quadro europeu."

in Luísa Schmidt (2007), País (in) sustentável. Ambiente e Qualidade de Vida em Portugal, Lisboa, Esfera do Caos.

Texto escrito pela autora em 18/05/2002. De lá para cá, segundo dados de 2007, nada mudou de significativo.

Luisa Schmidt é especialista nas questões do ambiente e membro do Observatório do Ambiente. Diz a autora sobre a obra "As histórias que neste livro se contam são as nossas verdades inconvenientes".

2 comentários:

  1. hoje, a 11 de Janeiro continuam acesas...se calhar avariou-se o interruptor heheh

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  2. quanto maior o custo, maior a comissão

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