A minha Lista de blogues

quarta-feira, dezembro 03, 2008

A crise da inteligência política

Greve dos Professores - 3 de dezembro de 2008



1. Toda a literatura científica é unanime sobre alguns pressupostos básicos da implementação de processos de inovação e mudança social. Não se fazem mudanças sem as pessoas e muito menos contra as pessoas. A intervenção em qualquer sistema de acção é uma intervenção num mundo eivado de relações de poder, o que significa que os actores objecto da implementação de reformas têm que ser sujeitos desses mesmos processos dos quais são os principais interessados. Sem o envolvimento e a participação dos interessados não há reforma que resista. As "boas" ideias dos políticos super inteligentes, por mais que sejam "correctamente" explicadas, se não fizerem sentido na cabeça de quem vai ser "objecto" dessas reformas estão condenadas ao insucesso na sua implementação.

2. Toda a literatura científica é também unanime em considerar que as reformas não podem ser implementadas de "cima" para "baixo" e muito menos de "fora" para "dentro".

Estes básicos pressupostos estão na origem do fracasso da implementação de inúmeros processos de mudança, inovação e reforma.

É lamentável que a ciência social esteja a ser ignorada desta maneira quando os responsáveis pela implementação das políticas educativas são eles próprios cientistas sociais.

O resto já sabemos. Um discurso político de culpabilização dos professores por aquilo que se considera um "fracasso" do sistema educativo (sem se saber muito bem o que é isto), a demonização dos sindicatos, marca de excelência do governo de Sócrates (como se os sindicatos não fossem organizações fundamentais à democracia e pudessem ser dispensáveis), uma ausência clara de cultura democrática incapaz de escutar quem quer que seja e uma inabilidade política nunca vista desde o 25 de Abril de 1974.

Primeiro foram 100 000 professores na rua. Depois o número engrossou para 120 000. Agora, a maior greve professoral de sempre na história da educação portuguesa.

Sócrates e a sua ministra da educação já ficaram na História. E não será concerteza por bons motivos. Depois, ainda há a lata de alguns políticos da nossa praça, virem para aí ciberneticamente dizer que se discute a reforma com base em "opiniões" sugerindo implicitamente que esse é o principal "problema". Haja paciência.

3 comentários:

  1. Boa noite
    já agora podias pedir á Camila para te passar o meu comentário sobre esta coisa da greve, dos professores, dos sindicatos, dos professores que são só do sindicato, e de outras coisa que eu lhe mandei. Acho que vais gostar.
    É a primeira vez no teu Blogue e como começa com uma quadra do António Aleixo, aqui vai um dos meus provérbios que considero apropriado para esta coisa da greve.

    "se não fazes o que eu te digo logo vês o que eu te faço"

    Já agora esta coisa de ser apartidário tem ver com o facto de não teres nada partido?

    É que com as lições da Umbelina começo a ficar especialista em lingua portuguesa e afins.

    abraços

    fanan

    ResponderEliminar
  2. Olá Fanan. Esta coisa do apartidário tem a ver com vergonha das pessoas que actualmente circulam nos partidos políticos. Os partidos são fundamentais à democracia portuguesa. As pessoas que por lá agora andam (quase todas) é que não fazem falta nenhuma aos partidos. Daí o apartidário. Abracinhos.
    João Martins

    ResponderEliminar
  3. O fanan escreveu noutro quintal:

    "Parece que a Umbelina é professora! Será?" Não.

    Como o fanan, faz um exercício de
    adivinhação para saber o que fazem profissional e políticamente os participantes dos blogues eu, (porque estamos a escrever sobre Sindicatos e professores) reservo-me o direito de também aqui fazer o meu exercício de adivinhação relativo ao fanan.

    O fanan são projectos para cima, são projectos para baixo, são projectos para a câmara, são as participações do fanan na AML, que eu disse para os meus botões: O fanan é uma espécie de desenhador, quiçá um "inginheiro" como o pinto de sousa.

    Não tendo participado neste post do João só por correspondência ao que escrevi no Quiosque da Camila posso entender a referência que o fanan faz à minha pessoa. Constato lendo os dois blogues que o fanan está num momento de carência afectiva, e desafia os participantes a revelarem as suas identidades convidando-os para um encontro pessoal.

    Meu caro fanan eu estou em Lisboa a partir das 12H00 do dia 10 do corrente mês até 22H00 do dia 14 de Dezembro. Dia que passarei na Aula Magna com gente que te é próxima politicamente. Aparece e faz-te anunciar. Pode ser que resolvas por via duma terapia os teus problemas afectivos.

    Cordialente,

    Umbelina

    ResponderEliminar