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sexta-feira, novembro 07, 2008

O Que Não Falar Quer Dizer

Dos sentidos políticos do silêncio



Santana Lopes é o político mediatico por excelência. Produto dos media, onde ganhou visibilidade pelas suas aparições constantes a propósito de tudo e de nada, foi "morto" políticamente pelos media (será?) com as próprias armas de destruição maciça que o criaram. Chegado a primeiro ministro, quis continuar a comentar a lesão do João Pinto e o passes do Rui Costa, as passarellles da moda lisboeta e a responder a tudo, a toda a hora, segundo a lógica e a urgência dos media. É caso para dizer, pela boca morreu o peixe.

Sócrates, outro produto de fabricação mediática, (na sociedade transparente, quem não aparece, não é. Qualquer coisa como, não apareço, logo não existo) foi inteligentíssimo inicialmente a controlar a agenda dos media. Enquanto a realidade permaneceu mais ou menos quietinha, a ver o que ia dar a sua governação, a gestão do silêncio por parte de Sócrates e do seu governo foi feita com a arte e a sabedoria de um Maquiavel. Sócrates falou do que queria, quando queria, da maneira que queria. A apatia do consenso mediático também ajudou a isso. Actualmente, a gestão do silêncio, no governo do PS continua a ser feita com arte e sabedoria, mas a realidade, essa triste, chata e incómoda realidade, já não deixa que a criatura controle o criador.

Manuela Ferreira Leite, já não tem escapatória. Para além de se ter silenciado à maneira dos tempos iniciais da governação de Sócrates, os tempos conturbados da crise económica e social e a pressão da esfera mediática (assim como alguns dos "abutres" do PSD) não lhe permitiram ficar calada. A partir desse momento Manuela desentendeu-se com o silêncio. Se não fala é acusada de não falar, se fala é acusada de não dizer as coisas certas.

A sua intenção era, parece-me louvável. Um governante, assim como uma líder da oposição, não se deve posicionar em função da lógica devastadora dos media e muito menos em função de sondagens semanais. Infelizmente (???) o paradigma político mudou e ninguém mais pode fazer política ignorando a relação com os media. Aprender a fazer política na era da televisão, implica que para além de um projecto político sustentado, os políticos fiquem relativamente bem na fotografia.

Vejamos o exemplo da vitória de Obama. A vitória de Obama deve-se à crise económica, financeira e social americana. A vitória de Obama deve-se ao desejo de a população dos EUA e do resto do mundo querer ver-se livre dos neocons que governavam a Casa Branca e de George W. Bush. Mas a vitória de Obama deve-se também, para além desta conjuntural vontade de mudança, ao facto de Obama ser uma autêntica estrela de Hollywood. Se há "produto" político vendável, Obama era o "produto" perfeito.

A partir de agora vai ter que aprender a gerir o silêncio, sabendo que o silêncio é o inimigo numero um dos media.

2 comentários:

  1. Olha João, a custo contendo o riso, quero que saibas que o tal encontro da Almargem, aquele(!!) ficou para 24 de Novembro na Biblioteca... ele acham ainda agora que eu sou competente para te convidar a ti (por mim tudo bem)... ai o riso, ah! a Câmara continua a não ir... e, agora há uma repórter de TV interessada nos nossos blogs que pediu contactos à Almargem(!!!!), fui informado que esta os deu (ah..Ahh...Ahhhhhhhhh!)
    Faz como entenderes, que eu, apesar de tudo, quero lá estar!
    De ti, decides tu, eu convidei (não compreendo porque não respondem à tal questão que tu lhes colocaste, e, aproveitando o selo, te não convidam pessoalmente.... Aí o riso!!!

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  2. Amigo Almeida. Muito obrigado pelas informações. Um grande abraço e bom fim de semana!
    João Martins

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