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quarta-feira, junho 25, 2008

Do retrocesso social na União Europeia

65 horas de trabalho - Nova Directiva Europeia

Tempos Modernos



A Europa regride socialmente a passos largos após as duras conquistas sociais do pós Segunda Guerra Mundial.

À directiva de "retorno", essa magnífica invenção de desrespeito total pelos direitos humanos mais elementares, junta-se a directiva das 65 horas de trabalho.

As mentes doentes que governam os Europeus são perversas o suficiente para propor 65 horas de trabalho semanais.

Marx deve ter dado milhares de voltas no caixão, espantado com o sonho concretizado do grande capital.

Sessenta e cinco a dividir por cinco, ajudem-me lá por favor, que não sei se estou a fazer bem as contas, dá 13 horas por dia. Restarão oito para dormir e ainda teremos três horas para comer e defecar. Claro que isto garante o fim de semana livre, pois se trabalharmos Sábado e Domingo sem parar, sempre sobra um tempinho durante a semana para repousar.

O capitalismo selvagem, neoliberal, aquele que enforma as grandes decisões estruturantes da União Europeia, em nome da "competitividade", está a contribuir para nos aproximarmos dos padrões de civilização da China e da India.

O direito ao descanso, a um trabalho condigno, à multidimensionalidade da vida social, que não se reduz concerteza ao trabalho; a possibilidade de conciliar a vida conjugal e familiar com o mundo da produção são nesta directiva completamente ignorados e desprezados em nome das mais valias inerentes ao mercado capitalista e da mais completa mercadorização dos seres que ainda se designam de humanos.

Em vez da UE se manifestar vivamente contra o trabalho escravo na China e na Indía e contra o claro atentado aos direitos humanos que significa trabalhar horas e horas sem fim nas mais miseráveis condições de trabalho e por um salário que não assegura o minimo de subsistência, os líderes da UE preferem aproximar-se dos padrões de escravidão desses países, em nome do lucro, da exploração e da "globalização" da economia.

Quem consegue ser produtivo a trabalhar 65 horas semanais? Será o objectivo a "produtividade" ou o regresso à pauperização dos tempos iniciais da sociedade da fábrica não terá como objectivo principal o controlo social total do massivo exército de reserva indústrial do sistema capitalista?

Já sei...já sei...é a "inevitabilidade" da globalização, essa entidade abstracta que a todos nos governa...

5 comentários:

  1. Meu caro João:

    Já deve ter lido «O triunfo dos Porcos» ou «Animal Farm», no original, de George Orwell...
    Está lá tudo!
    E foi escrito em 1944!´

    Um abraço.

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  2. Tirando tudo isto que acabei de ler, "está tudo bem".PORREIRO PÁ... É MAIS UM MOMENTO HISTÓRICO, DO CAPITALISMO SELVAGEM. Vós que lá do vosso império -Prometeis um "mundo novo",-Calai-vos, que pode o povo -Q`rer um mundo novo a sério. -A. Aleixo

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  3. Do retrocesso social na União Europeia

    65 horas de trabalho - Nova Directiva Europeia

    O acordo estabelecido entre o Governo, as associações patronais e a UGT

    Caro João Martins,

    a um instrumento sucede um outro para chegar a um resultado! O autismo deste (des)governo aceita e promove legislação que agrava as condições de vida dos que constroem o progresso deste país.

    " o acordo estabelecido entre o Governo, as associações patronais e a UGT, incorpora os aspectos mais graves das ideias sucessivamente avançadas pelo Governo PS na alteração para pior do Código do Trabalho. O que agora é revelado, em articulação com a alteração da legislação laboral da Administração Pública, confirma o propósito de um retrocesso social inadmissível.

    O Governo PS, associado às confederações patronais e com a zelosa contribuição da UGT visa: facilitar os despedimentos tornando-os mais fáceis, rápidos e baratos para as entidades patronais; desregulamentar os horários de trabalho, com consequências graves para a organização da vida pessoal e familiar dos trabalhadores; contemplar soluções que conduzem à redução dos salários e das remunerações; subverter o direito do trabalho consagrando a eliminação do princípio do tratamento mais favorável ao trabalhador; preconizar a destruição da contratação colectiva eliminando direitos fundamentais dos trabalhadores. O acordo agora subscrito, a pretexto do combate à precariedade, quando na prática a legaliza, abre uma grande área de transferência de verbas da segurança social para a acumulação dos lucros do capital e ataca a liberdade de organização e acção sindicais.

    a farsa negocial de todo este processo como a intenção do Governo em querer associar, agora, ao acordo um simulacro de discussão pública. É revelador da natureza antidemocrática da política do Governo PS, que este queira reduzir o tempo de discussão pública de trinta para vinte dias, ainda mais se se atender ao facto de em nome da chamada simplificação se irem misturar entre si mais de mil artigos hoje constantes do Código do Trabalho e das leis da sua regulamentação. O que o Governo quer é de facto liquidar a possibilidade de uma participação informada das organizações dos trabalhadores na discussão desta legislação de trabalho fundamental, pondo em causa princípios constitucionais.

    Numa situação marcada pelo desemprego, pelos despedimentos, pela precariedade, pela arbitrariedade patronal, pelo aumento do custo de vida e pela baixa generalizada do poder de compra, o rumo apontado pelo Governo é em tudo contrário às medidas e resposta que a situação impõe."

    "Com 197 votos contrários - 37 da esquerda, 36 verdes, 101 (pouco mais de metade dos que estavam presentes), 7 liberais e 17 de direita - acabou por passar, sem emendas, a directiva de retorno.
    Os 369 votos favoráveis vieram das direitas, do grupo liberal e ainda de 34 socialistas, entre os quais um português, Sérgio Sousa Pinto."

    http://www.esquerda.net/images/stories/politica/junho08/socrates_chiu.jpg

    "O Governo propôs e a bancada do PS aceitou uma redução do tempo de debate de 30 para 20 dias, na fase de discussão pública, da proposta de revisão do Código de Trabalho na Assembleia da República. Com esta redução, o governo pretende encerrar o assunto até ao final desta legislatura, evitando assim o prolongamento do desgaste causado pela contestação às suas propostas, que segundo os partidos à sua esquerda visam promover os despedimentos simplex."

    (""retirado de sitios amigos)

    Um abraço,

    Umbelina

    Nota:
    Caro João tomei a liberdade de enviar a um conhecido via e-mail o seu maravilhoso texto.

    Umbelina

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  4. Lá está a minha amiga Umbelina a derramar (por boa causa aliás) o seu pensamento.

    Jokas para ela.

    p.s. andas muito fugidia dos nossos encontros do chá das 5.
    Temos que conversar...

    Camila

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  5. Pois é meus amigos, o Engenheiro cumpriu com a tarefa que lhe foi destinada pelos seus donos do Clube de Bilderberg de acabar com os direitos laborais neste país. Depois deste acordo pouco mais resta para fazer e quando chegar a hora da mudança de turno nesta politica de alterne, ficará para o próximo governo do PSD acabar o trabalho. Como era de esperar a CGTP abandonou a reunião, a UGT caucionou o acordo, os patrões mostraram-se satisfeitos, fazendo a habitual ressalva de que se podia ter ido mais longe e até a CAP resolveu aparecer para assinar e dizer que é uma excelente lei laboral. O Engenheiro veio com o seu conhecido discurso da importância desta lei para o desenvolvimento e para o progresso do país. Como sempre tem acontecido, vai passar o tempo e vamos ver que piorou o ambiente de trabalho nas empresas, que vão continuar os baixos salários, a precariedade do emprego e o país em permanente crise e a baixar no ranking europeu (o que não é fácil pois até Malta já nos ultrapassou e já restam poucos degraus para descer). Estes vendilhões do país metem-me nojo.

    Fonte: http://wehavekaosinthegarden.blogspot.com/

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