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sexta-feira, dezembro 15, 2006

Capitalismo Natalício: Sobre a obrigação de dar, receber e retribuir

O Natal está aí. Data religiosa por excelência desde o início da era cristã tem vindo a ser progressivamente reapropriada pela sociedade de consumo, tendo como simbolo máximo as novas catedrais religiosas, vulgo Shopping Center.

Um estudo divulgado esta semana revelava que o stress dos portugueses dispara nesta época.

Aqui apresento algumas razões possíveis para isso:

- Há aqueles que não querem oferecer quaisquer prendas por não terem dinheiro para as comprar. Para estes o sistema nervoso dispara quando alguém lhes oferece alguma coisa. A obrigação de retribuir deixa-os à beira de um ataque de nervos.

- Há os outros que não se querem esquecer de ninguém e perdem horas infinitas da sua vida a elaborar listas de prendas até ao último pormenor.

- Há aquela espécie que só descansa quando oferece prendas de valor superior às que recebeu ou não fosse isso um verdadeiro sinal de distinção.

- Há ainda os que ficam fora de si a tentar descobrir a prenda que imaginam que faria a realização dos outros. De tanto pesquisar o resultado é a incapacidade de nada escolher.

- Há os que desesperam pois o dinheiro não chega para tudo e têm que escolher os eleitos a serem prendados. Os que irão ficar de fora da lista é que não irão gostar nada da festa.

- Há os que correm todas as lojas para oferecer as prendas mais baratuchas possível. As lojas dos chineses agradecem e o tempo perdido nas filas de compras são um verdadeiro teste de paciência chinesa.

- Há ainda aqueles que durante todo o ano só sabem trabalhar. Quando chega esta altura do ano vêem tanta agitação há sua volta que ficam mais agitados que aqueles que os rodeiam.

- Há os que ficam à espera de ver de quem recebem prendas. Depois das ofertas recebidas lá vão as prendinhas para quem não se esperava oferecer nada.

- Há a situação deveras cómica dos que oferecem prendas a pessoas de quem não gostam. Acto de que se arrependerão durante todo o ano seguinte. O caso das prendinhas aos patrões é muitas vezes disto exemplo.

- Os judeus, os muculmanos e outros que tais têm o ritmo cardiaco menos acelerado. Se não se incomodarem com o pai natal criado pela coca-cola reagem com tranquilidade e indiferença a tanta agitação.

- Os ateus oscilam entre os que ficam felizes com tanta euforia que até esquecem que são ateus e os que ficam irritados com alegria dos outros e sobretudo por receberem prendas sem saberem bem porquê.

Enfim, é a obrigação de dar, de receber e de retribuir.

De toda a forma é sempre uma data em que as pessoas andam mais simpáticas. Um simples Feliz Natal faz muitas vezes com que todo o stress consumista do mundo perca todo o sentido.

Abraços e Feliz Natal são os votos de um ateu que oferece e recebe prendas nesta data fascinante.

João Martins
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1 comentário:

  1. João,

    Com ou sem consumismo ...
    Com ou sem vontade ...
    Com ou sem dinheiro ...
    Com ou sem stress ...

    Os votos de Um Feliz e Santo Natal!
    E um ano novo repleto de saúde, graça e alegria!

    Um grande abraço,
    Miguel Brito

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